Pré-candidato ao Senado, Ramos prevê naufrágio dos bolsonaristas no AM

Marcelo Ramos também aposta na força de Lula e em propostas estratégicas para o estado.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 21/08/2025 às 21:43 | Atualizado em: 21/08/2025 às 21:43

O ex-deputado federal Marcelo Ramos diz que os bolsonaristas no Amazonas não terão nas eleições do próximo ano o mesmo peso eleitoral que tiveram nas últimas disputas.  Para ele, o presidente Lula da Silva terá grande influência na campanha local.

O pré-candidato do PT ao Senado aposta que, além de enfrentar a popularidade em alta do presidente, os bolsonaristas no Amazonas estarão presos ao projeto de anistia para livrar Jair Bolsonaro da prisão.

“Primeiro, a gente tem de entender que o grande eleitor do interior do estado do Amazonas na eleição majoritária é o presidente Lula, pela força que ele tem no interior.  Na capital, acredito que o quadro das últimas eleições será revestido pelo reflexo dessa mudança nacional de melhoria do humor do eleitor com o governo. E, segundo, que a oposição estará presa na agenda da anistia”, avalia Ramos ao BNC Amazonas.

O ex-vice presidente da Câmara dos Deputados explica que o problema do Amazonas não é a anistia, mas o emprego, a sustentabilidade da Zona Franca de Manaus (ZFM) e o asfaltamento da BR-319.

“É olhar para o futuro. A oposição não consegue ter um discurso responsável sobre essa agenda estratégica. Isso vai acabar esvaziando, na minha opinião, essas candidaturas”, afirma.

Ramos diz acreditar na possibilidade de o presidente perceber o quanto é estratégico eleger como aliados o governador e os dois senadores no Amazonas.

Dessa forma, o pré-candidato ao Senado diz que são muitos os benefícios do governo Lula para o Amazonas, ao passo que o ex-presidente Bolsonaro não deixou uma obra no estado.

“Ao mesmo tempo, tenho a independência necessária para cobrar o governo quando, por exemplo, ele veta a emenda do senador Eduardo Braga que diz respeito à BR-319. Tenho independência para cobrar nos aspectos que eu considerei inadequados do aumento do IOF [Imposto de Operação Financeira]. Então eu tenho compromisso, mas ao mesmo tempo autonomia”, diz.

Virada

No plano nacional, Ramos observa que o presidente vem recuperando campo. “Toda análise política que eu fazia, ela previa a virada da curva de aprovação do presidente Lula a partir do início do ano que vem.  Acontece que o episódio Trump [Donald, presidente norte-americano], antecipou essa virada da curva”, observa.

O ex-deputado faz referência às sanções econômicas como o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil com apoio do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), filho 03 de Bolsonaro, acusado de promover sabotagem naquele país contra a pátria.

Na sua opinião, Lula tem crescente de popularidade que será potencializada com três ações que estão sendo consolidadas no país.

“A partir do início do ano que vem três medidas serão fundamentais e na veia da classe média e das classes mais pobres: a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e desconto para quem ganha até R$ 7 mil, nós estamos falando de 26 milhões de famílias; nós estamos falando de aproximadamente15 milhões de famílias que vão passar a receber uma botija de gás a cada dois meses, e nós estamos falando de alguns milhões de pessoas que também terão direito à tarifa social de energia que serão ampliadas”, diz.

Além disso, o ex-deputado observa que a tendência é de queda nos juros a partir do início do próximo ano.

“Isso torna o crédito mais barato e gera uma série de impactos positivos. Então acredito que o presidente Lula chegará muito competitivo. Por outro lado, nós temos uma oposição sequestrada pela pauta da anistia, que é uma pauta que não mobiliza a sociedade”, considera.

Polo petroquímico

Ramos afirma que dedica sua vida a estudar o Amazonas. “Estou falando hoje sobre algo que ninguém fala, que é o fato de que nenhum litro de petróleo extraído em Urucu [Coari] é processado na Refinaria de Manaus. Está sendo transportado [petróleo] para São Paulo, lá para São Sebastião para refinar, enquanto isso a gente paga o combustível mais caro do Brasil”, critica.

Para ele, é preciso pensar numa refinaria para depois instalar em Manaus um polo petroquímico.

“Nós somos os maiores consumidores de termoplástico, do polímetro e podemos ter uma indústria petroquímica, hoje concentrada em Alagoas. Então nós precisamos olhar para o futuro. Dizer: temos uma Zona Franca, mas nós queremos dar sustentabilidade para isso. Isso tem a ver como enxergar o Amazonas do ponto de vista estratégico”, considera.

Nesse contexto, o ex-deputado afirma que, além do voto, a eleição é uma oportunidade única para refletir sobre o presente e o futuro do Amazonas.

Sinésio

Sobre a manifestação de apoio do presidente estadual do PT, deputado Sinésio Campos, à candidatura ao Senado do governador Wilson Lima (União), Ramos diz que o dirigente não vai sustentar essa posição.

“Eu não tenho dúvida de que o deputado Sinésio estará no projeto do presidente Lula. Considero mais um descuido retórico, uma empolgação pelo momento. Tanto que ele fez um vídeo depois dizendo que vai esperar a decisão coletiva do partido”, afirma.

“Então acho que esse é um tema que o partido tem que discutir internamente, sem desgastar o partido perante a sociedade com essas lutas fraticidas que alimentam o PT durante muito tempo”, completa.

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Ele lembra que no processo de escolha da direção do partido houve a decisão pela gestão compartilhada.

“Será obrigatoriamente uma gestão compartilhada, porque ele não terá maioria. A maioria dele foi composta por outras forças políticas e todas elas têm absolutamente clareza de que é hora de fortalecer o projeto do presidente Lula com a reeleição, a eleição de um governador da nossa base e com a eleição de senadores do campo progressista”, finaliza.

Veja a entrevista na íntegra

Fotos: BNC Amazonas