Quatro décadas de disputa pelo poder no Amazonas, em números e nomes

Levantamento de Durango Duarte traça perfil de todos os eleitos desde 1982, em disputas locais e nacionais no estado.

Adrissia Pinheiro, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 22/04/2025 às 17:22 | Atualizado em: 22/04/2025 às 17:32

Mais de 40 anos de urnas e reviravoltas. De 1982 a 2022, o eleitor amazonense reelegeu nomes conhecidos, consagrou novos rostos e acompanhou disputas que definiram o rumo político do estado do Amazonas.

Esse percurso está reunido em uma pesquisa do publicitário e pesquisador Durango Duarte, com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que detalham os resultados de todas as eleições majoritárias e proporcionais do Amazonas.

O documento expõe mudanças no comportamento eleitoral, revelações políticas, hegemonias familiares e a ascensão de novos grupos.

Além disso, serve como base para análises políticas, acadêmicas e históricas, e pode ajudar a projetar os rumos das eleições de 2026, que já estão a todo vapor.

Uma dança a três

A política para governador no Amazonas foi marcada por uma alternância entre três figuras: Amazonino Mendes, Gilberto Mestrinho e Eduardo Braga.

Amazonino venceu em 1986 com 54,3% dos votos válidos, depois em 1994 com uma vantagem ainda maior: 62,3%, e voltou em 1998 com 51,1%. Ainda retornou em 2017, após uma eleição suplementar.

Mestrinho foi eleito em 1982 (53,7%) e 1990 (57,6%). Braga, por sua vez, venceu em 2002 com 52,4% e em 2006 com 50,6% — sempre disputando com esses adversários fortes.

Em 2010, Omar Aziz entrou em cena, derrotando Alfredo Nascimento com 63,9% dos votos.

Nas eleições mais recentes, a hegemonia foi rompida: Wilson Lima, um jornalista de Manaus, então novato e sem grupo político tradicional, venceu em 2018 com 58,5% no segundo turno e foi reeleito em 2022 com 56,7% dos votos válidos, consolidando-se como a nova força estadual.

Nessa disputa, somente a partir de 2017 que nomes femininos participaram da disputa, como Rebecca Garcia e Lucia Antony.

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Senado: os donos das maiores votações

A disputa pelo Senado sempre teve grande visibilidade no Amazonas. Nesse contexto, o levantamento revela que Omar Aziz e Plínio Valério figuram entre os mais votados da história recente.

Por outro lado, em 1982, nem se ouvia falar desses nomes para senador. Naquele período, políticos como Fábio Bittencourt, Amazonino Mendes e Arthur Virgílio Neto dominavam o espaço em diferentes anos.

Com o passar do tempo, Omar Aziz foi eleito em 2010 com 63,9% dos votos válidos, somando quase 944 mil votos, e, mais tarde, reeleito em 2022 com 41,6%.

Enquanto isso, Plínio Valério surpreendeu em 2018, conquistando 25,4% dos votos válidos e mais de 830 mil votos, superando todos os concorrentes.

Além disso, é importante destacar outros nomes como Vanessa Grazziotin e Jefferson Peres, que marcaram época e também tiveram votações expressivas em suas campanhas.

Deputados federais: reeleições, renovação e puxadores de voto

O histórico de votos para a Câmara dos Deputados revela, por um lado, uma mistura de veteranos e, por outro, novas lideranças.

Por exemplo, Átila Lins aparece em quase todas as legislaturas desde os anos 1990. Além disso, Silas Câmara também é uma presença constante.

Nos anos 2000, Vanessa Grazziotin, do PCdoB, destacou-se como um dos principais nomes da bancada amazonense. Eleita em 2002 com 197.419 votos (17,2%) e reeleita em 2006, ela deu um passo maior em 2010, elegendo-se senadora.

Mais recentemente, em 2022, o destaque foi Amom Mandel, eleito com 288.555 votos, ou 13,7% do total geral, tornando-se o deputado federal mais votado da história do Amazonas.

Essa eleição, portanto, marcou uma virada de geração, com nomes como Alberto Neto (7,0%), Saullo Vianna (6,0%) e Adail Filho (4,3%) compondo a nova bancada.

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A capital como termômetro eleitoral

As eleições municipais de Manaus, por sua vez, mostram que a capital tem sido um bom indicativo das tendências políticas do estado.

Prefeitos como Amazonino Mendes, Serafim Corrêa, Arthur Virgílio Neto e David Almeida assumiram o cargo em momentos em que suas figuras estavam em ascensão também em disputas estaduais ou federais.

O caso de David Almeida, eleito em 2020 com mais de 50% dos votos no segundo turno, exemplifica como a base eleitoral da capital pode ser determinante para o futuro político estadual.

Antigas siglas aos novos blocos de poder

A evolução dos partidos políticos ao longo desses últimos 40 anos também é uma das riquezas do levantamento.

Nomes tradicionais como PMDB, PDS, PFL e PSDB dominaram as eleições nos anos 80 e 90. Com o tempo, muitos se fundiram, mudaram de nome ou perderam protagonismo. Por exemplo, o PFL virou DEM, que depois se uniu ao PSL para formar o atual União Brasil, partido do atual governador Wilson Lima.

O PMDB, que já foi a principal sigla do Amazonas e elegeu nomes como Gilberto Mestrinho e Eduardo Braga, hoje atende por MDB. Apesar disso, ainda mantém força no Senado e na base de algumas candidaturas majoritárias.

Por outro lado, partidos como Psol, Rede, Pstu e PCdoB participaram de forma recorrente, mas sem grandes votações no Executivo.

No campo das novidades, Cidadania, PL, União Brasil e Republicanos têm crescido, sobretudo com nomes de forte presença nas redes sociais e ligação com o eleitorado evangélico e militar.

Confira o levantamento na íntegra:

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil