Prefeito de Borba foi preso para aprender a respeitar mulher

Na decretação da prisão preventiva do prefeito Simão Peixoto pesou o histórico de truculência dele. Um das vítimas foi o presidente da ALE-AM, Roberto Cidade

Simão Peixoto, prefeito de Borba

Neuton Corrêa, do BNC AMAZONAS

Publicado em: 04/03/2023 às 02:00 | Atualizado em: 05/03/2023 às 17:31

A prisão do prefeito de Borba (AM), Simão Peixoto (PP), decretada nesta sexta, 03/03, pela Justiça do Amazonas, teve caráter pedagógico para todo o Brasil.

O político amazonense foi preso preventivamente por violência política de gênero.

No popular, Peixoto foi preso para aprender a respeitar o trabalho da mulher na política.

O caso tramita em segredo de Justiça, mas o BNC recebeu cópia do processo que culminou com a prisão dele.

Então, o prefeito, que coleciona um rosário de acusações de violência no município, foi acusado de ameaçar agredir fisicamente uma vereadora.

A vítima foi a vereadora Tatiana Franco dos Santos (PTB). Na cidade, ela é conhecida como Vereadora Enfermeira Tatiana.

Para intimidar a parlamentar, em evento público, o prefeito mostrou um chicote e um pedaço de madeira, dito e simulado gesto de que iria dar uma surra em Tatiana.

A ameaça foi feita no dia 30 de outubro do ano passado, num ato político do prefeito no Centro de Eventos Braulio Motta, um dos espaços públicos mais utilizados na cidade.

Por isso, ele foi denunciado por prática dos crimes de ameaça (artigo 147 do Código Penal), de desacato (artigo 331 do CP), de difamação (artigo 139 do CP) e de ilícita restrição ao exercício de direitos políticos, em razão do sexo da vítima (artigo 359-P do Código Penal). 

Isso é o que diz a ação que motivou a apuração do caso.

Denúncias 

A violência praticada por Simão Peixoto contra a vereadora repercutiu em Manaus, dias depois.

No início de novembro, assim que tomou conhecimento do caso, a deputada Alessandra Campêlo (PSC) levou a denúncia adiante.

Assim, Alessandra, que é presidente da Comissão da Mulher da ALE-AM, comunicou a agressão do prefeito à vereadora ao Ministério Público do Amazonas (MP-AM), por meio de uma Notícia de Fato Criminal.

A notícia, depois ficou mais ainda mais encorpada quando o presidente da ALE-AM, Roberto Cidade, e a deputada Joana Darc, ambos do União, juntaram-se a Alessandra reforçando a denúncia contra Simão Peixoto por meio de uma representação ao procurador-geral de Justiça do Amazonas, Alberto Rodrigues.

Punição exemplar

Para Alessandra, a prisão do prefeito não atinge somente Peixoto, mas todos aqueles que tentam limitar a participação da mulher na política.

Foto: Arquivo/BNC