Política se faz com diálogo, não com raiva
O embate entre Marina Silva e senadores revela como a raiva e a falta de diálogo comprometem o debate político e atrasam soluções para temas como a BR-319.

Neuton Corrêa, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 28/05/2025 às 15:31 | Atualizado em: 28/05/2025 às 15:31
O bate-boca da ministra Marina Silva com os senadores Plínio Valério, Marcos Rogério e Omar Aziz expõe um problema que impede o desenvolvimento, social, político e também humano.
O episódio é a própria negação do diálogo. Nesse ambiente, triunfa a raiva, a impaciência. A consequência disso são o descontrole, a agressividade e a intolerância entre as partes. A reboque, vai-se também aqui o que deveria ser o mérito da discussão.
A raiva é amiga da irracionalidade. No caso, todos parecem caminhar em caminhos diversos, com sentidos opostos.
Partem de um ponto comum para destinos incertos. Racionalmente, deveriam partir das incertezas para um ponto comum, que precisa ser a convergência. Sem ela, as pontes do entendimento estarão sempre destruídas.
Então, o evento envolvendo Marina Silva e os senadores ilustra essa situação.
A confusão apareceu muito mais do que o mérito: a BR-319. Os políticos defendem a reconstrução da obra; os ambientalistas, são contra.
Por exemplo, Marina Silva é ambientalista, mas também política. Contudo, dirige a pasta ambiental do País, o Ministério de Meio Ambiente e Mudança do Clima.
O problema é que ela se nega a dialogar com setores desenvolvimentistas do Congresso e do próprio governo.
Ontem, foi constrangida e ficou sem resposta quando o senador Omar Aziz pediu dela uma foto em diálogo com o agronegócio brasileiro.
Por suas vezes, senadores, os políticos, tentaram passar o rolo compressor por cima de Marina, ameaçando solução à BR-319, ainda que ela e o Supremo resistam.
Veja que as duas partes optaram pela divergência.
A solução se divorciará do entendimento se a raiva continuar alimentando esse debate.
Por contrário, só ajuda a lançar olhares de desconfianças como faz hoje a mídia nacional e internacional a repercutir o episódio.
Marina não verá suas verdades em triunfo se não conversar e convencer.
Ainda que com a consciência tranquila, de ter feito o que tinha que fazer, no futuro, poderá ver triunfar a destruição que tanto deseja evitar.
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Por sua vez, a BR-319 não sairá dos debates enquanto a classe política não perceber que a solução se dará econômica, social e ambientalmente se não abrir o diálogo não só com os ambientalistas, mas com todos os campos do conhecimento.
De pronto, uma coisa não resolve: ambos se olharem como inimigos. Esse será o triunfo do sentimento da raiva, que cega o debate.
Foto: arte Gilmal especial para o BNC Amazonas