PF fez operação ilegal contra Cepam na eleição em Manaus, diz Justiça

Juíza anulou todos os atos de ação policial realizada sem "mínimo indício" de ilegalidade contra empresa de pesquisa eleitoral

Operação Cepam

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 10/05/2021 às 18:04 | Atualizado em: 10/05/2021 às 18:15

A Justiça Eleitoral considerou como ato ilegal operação da Polícia Federal na eleição em Manaus em novembro de 2020. Mais precisamente no dia 10 desse mês, policiais invadiram a sede do Cepam (Centro de Estudo e Pesquisa da Amazônia) para acusar a empresa e seus donos de compra de votos.

Como resultado, a operação prendeu Márcia Godinho, Rodolfo Pinto, Maria dos Prazeres dos Santos e Victor Carvalho. Além disso, computadores, celulares e outros objetos do escritório foram apreendidos.

Conforme a polícia, pesava sobre eles a suspeita de compra de votos para beneficiar o então candidato a prefeito Ricardo Nicolau (PSD).

Nem adiantou a empresária Márcia Godinho argumentar que o Cepam estava fazendo uma das tantas pesquisas qualitativas daquela eleição.

No cumprimento de mandado de prisão em flagrante, delegado afirmou que havia recebido denúncia de que no local estaria ocorrendo compra de votos.

Segundo o inquérito policial, foi constatado no local o repasse de envelope com dinheiro a eleitores para votar em Nicolau.

Na ocasião, a coligação do candidato repudiou a operação e disse que o trabalho do Cepam estava sendo criminalizado.

“Qualquer informação diferente disso trata-se de uma notícia mentirosa, uma ‘fake news’ fabricada às vésperas da eleição para tentar influenciar o eleitor”, afirmou em nota a coligação de Nicolau.

E acrescentou que estava sendo vítima de confusão e que iria restabelecer a verdade.

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Operação fulminada

Hoje, Márcia afirmou que essa farsa está desmontada. Seguindo parecer do Ministério Público, a Justiça Eleitoral julgou que não há “indício mínimo” do crime apontado pela operação no Cepam.

E, dessa maneira, declarou nulos todos os atos realizados pela operação da Polícia Federal “por estarem fulminados na ilegalidade”.

“Dessa forma, entendemos que décadas de relevantes serviços prestados no ramo de pesquisa não podem ser maculados por um procedimento investigativo aberto sem qualquer conhecimento técnico da matéria. No caso em voga, pesquisa qualitativa, como foi o caso do malogrado inquérito conduzido arbitrariamente pelo delegado da Polícia Federal”.

Esse é trecho de nota divulgada nesta segunda (10) pela empresária Márcia Godinho. Conforme ela, só hoje também o Cepam conseguiu reaver os equipamentos apreendidos há seis meses.

Em conclusão de sentença assinada pela juíza Mônica Cristina Chaves do Carmo, o inquérito é arquivado.

Nota do Cepam

Foto: Ilustrativa/Divulgação/PF