PF e CGU apuram como consórcio da covid desviou R$ 48 milhões
Assunto ressuscitou durante o debate entre Lula e Jair Bolsonaro na TV Bandeirantes, no domingo, dia 16

Aguinaldo Rodrigues
Publicado em: 22/10/2022 às 13:41 | Atualizado em: 22/10/2022 às 14:39
A PF (Polícia Federal) e a CGU (Controladoria-Geral da União) descobriram, em investigação sigilosa, como funcionava o Consórcio de Governadores do Nordeste e o desaparecimento de R$ 48 milhões, destinados a combater a pandemia de covid-19 (coronavírus) na região. A reportagem é da revista Veja.
De acordo com a publicação, já no primeiro ano da pandemia, enquanto os estados do Nordeste acumulavam mais de 20% das mortes por covid no país, a PF e a CGU investigaram uma rede de compra de equipamentos e materiais hospitalares formada por empresários, atravessadores, estelionatários, amigos de políticos e autoridades públicas (na foto, o governador da Bahia, Rui Costa; e o secretário-executivo do consórcio, Carlos Gabas).
Conforme a apuração do caso pelos jornalistas Hugo Marques e Laryssa Borges, as ramificações detectadas em transações comerciais do chamado Consórcio Nordeste foram reunidas em inquéritos sigilosos em poder do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Escândalo adormecido
O assunto parecia fadado ao esquecimento, conforme Veja, até o debate entre os presidenciáveis na TV Bandeirantes, no último domingo, 16.
Logo no primeiro bloco, Lula criticou a postura negacionista de Bolsonaro, responsabilizou-o diretamente por pelo menos 400 mil das quase 700 mil mortes registradas no Brasil e repetiu acusações genéricas de corrupção na compra de vacinas.
Em reação imediata, Bolsonaro partiu para o contra-ataque, afirmando que, se houve roubalheira, foi nas compras realizadas pelos governadores do Nordeste, que são ou petistas ou aliados de Lula.
“A CPI não quis investigar 50 milhões (de reais) torrados em uma casa de maconha. Não chegou nenhum respirador, e daí, sim, irmãos nordestinos morreram por falta de ar, por corrupção”, rebateu o presidente.
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PGR investiga
Depois disso, o assunto foi deixado de lado no debate, mas tem potencial para ganhar tração nesta reta final de campanha. Motivo: o enredo que permitiu à empresa Hempcare, a tal “casa da maconha” citada por Bolsonaro, fechar um contrato milionário de venda de respiradores para o Consórcio Nordeste está sob investigação da Procuradoria-Geral da República porque, entre outras coisas, o material nem sequer foi entregue.
A revista teve acesso a trocas de mensagens, notas fiscais fraudadas, revelações de colaboradores da Justiça e até recibos de propina que detalham como os recursos públicos foram repassados para os bolsos privados de aproveitadores da tragédia alheia contando com a cumplicidade de quem deveria evitar que isso acontecesse.
Leia mais na reportagem de Hugo Marques e Laryssa Borges, de Veja
Foto: divulgação