Governo Lula volta com força total para explorar petróleo na foz do Amazonas
Com apoio da Petrobrás, governo Lula intensifica esforços para explorar petróleo na margem equatorial, visando investimentos e desenvolvimento, apesar de resistências ambientais.

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 22/01/2025 às 15:05 | Atualizado em: 22/01/2025 às 15:44
Nem bem começou 2025 e o governo do presidente Lula da Silva volta a articular com a Petrobrás a exploração de petróleo e gás na margem equatorial, localizada entre os estados do Amapá e Rio Grande do Norte, na foz do rio Amazonas.
Prova dessa articulação são as intensas reuniões, nesses primeiros dias de janeiro, entre o ministro de Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, a presidente da Petrobras Magda Chambriard e interlocutores diretos da estatal petrolífera.
“A Petrobrás tem um papel importantíssimo no processo de desenvolvimento e de diminuição das desigualdades regionais quando se fala em investimentos, prospecções e contribuição decisiva”, destacou o ministro.
Para Waldez Góes, o Brasil terá uma das grandes contribuições no processo de desenvolvimento da margem equatorial com transversalidade na indústria e na energia.
“Isso será fruto dessa futura frente que a Petrobras irá abrir ali na região Norte do Amapá, a 540 quilômetros da foz do rio Amazonas”, explicou o ministro.
Já a presidente da Petrobrás, Magda Chambriard, declarou:
“Estamos cientes da nossa responsabilidade com o Brasil e com o desenvolvimento regional, e estamos absolutamente seguros que podemos proporcionar ao povo do Amapá e ao Brasil um desenvolvimento seguro com muito retorno para o Brasil e para a sociedade brasileira como um todo”.
Em outra reunião, no último dia 20, entre o ministro, secretários do ministério e Giles Azevedo, da Petrobras, discutiu-se os principais desafios da operação “Margem Equatorial” e de que forma a estatal e o governo poderão atuar nas questões que envolvem a exploração do gás e petróleo, e nas políticas de Desenvolvimento Regional e Territorial.
Projetos sociais
A partir dessa parceria, o objetivo será promover uma série de ações para trabalhar com projetos sociais de capacitação, fazer uma mudança em toda a região e levar investimento.
“Considerar cada ator desse processo é fundamental. Desde as comunidades tradicionais, dos municípios, daqueles que empreendem, que querem participar do processo de desenvolvimento até os agentes políticos que tomam suas decisões, são levados em consideração pela Petrobras e pelo ministério ”, ressaltou Waldez Góes.

Margem Equatorial
Na avaliação da Petrobrás, a região da margem equatorial – considerada a mais nova fronteira exploratória brasileira em águas profundas e ultraprofundas – possui um potencial petrolífero relevante, considerando principalmente as descobertas recentes em regiões próximas à fronteira da Guiana, Guiana Francesa e Suriname.
Assim, pelas características do óleo e pela estimativa dos volumes existentes, a margem equatorial desperta interesse não só da indústria brasileira, como também do mercado internacional de petróleo e gás, que identifica oportunidades promissoras na região que precisam ser desenvolvidas.
Investimentos
Segundo o plano estratégico 2050 e plano de negócios 2025-2029, a Petrobras prevê um investimento de US$ 3 bilhões (R$ 17,81 bilhões) nessa região nos próximos cinco anos, com a perfuração de 15 poços.
“Isso nos permitirá contribuir com o atendimento à demanda crescente por energia a partir de uma produção realizada com investimentos tecnológicos que garantem segurança operacional e cuidado ambiental”, informa a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

Resistências
A exploração de petróleo na região enfrenta a resistência de ambientalistas dos povos indígenas e da ministra do meio ambiente Marina Silva.
O bloco previsto para exploração fica em águas ultraprofundas, em uma região ainda pouco explorada, com fortes correntes marinhas, espécies ameaçadas de edição e outras desconhecidas, além de recifes de corais recém descobertos.
Em 2023 e 2024, ao negar o pedido da Petrobras, Ibama solicitou mais esclarecimentos sobre o plano de proteção à fauna da Petrobrás. Reconheceu avanços na documentação, mas considerou necessários mais detalhes.
Dessa forma, o instituto apontou a grande biodiversidade, a sensibilidade ambiental da região e a falta de estrutura como motivos para a negativa da licença. Também criticou o tempo de reação após eventual acidente.
No entanto, a Petrobras recorreu da decisão do Ibama de negar a licença para perfurar a bacia da foz do rio Amazonas. A empresa se mostra otimista com a licença para explorar a região ainda em 2025.
Governo pressiona
Por outro lado, a Petrobrás, ministérios de Minas e Energia, Integração e Desenvolvimento Regional e governadores dos estados do Norte pressionam pela concessão da autorização.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já sinalizou diversas vezes que é a favor da exploração da foz do Amazonas.
Em novembro do ano passado, ele recebeu no Palácio do Planalto um grupo de senadores e políticos da região Norte do país que defende o projeto.
Ao sair da reunião, o senador Eduardo Braga (MDB-AM) disse que Lula deu a entender que o governo fará a liberação.
O presidente disse que vai realizar essa obra importante. Nós estamos perdendo muito petróleo para a Guiana Francesa, que está absorvendo esse petróleo. Isso é um campo só, acrescentou o senador Omar Aziz (PSD-AM).
Fotos: Agência Brasil