Omar Aziz e Plínio Valério divergem sobre presidente do BC

Aziz cobrou de Campos Neto uma mudança de postura. Já Plínio Valério saiu em defesa do presidente do BC

Omar Aziz e Plínio Valério

Iram Alfaia, do BNC Amazonas

Publicado em: 25/04/2023 às 18:28 | Atualizado em: 25/04/2023 às 18:28

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, enfrentou nesta terça-feira (25), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, uma artilharia pesada por parte dos parlamentares que exigiram redução da atual taxa de juros de 13,75%, a maior do planeta.

No grupo, estava o senador Omar Aziz (PSD) que cobrou de Campos Neto uma mudança de postura em relação ao assunto.

“Não dá! Mesmo sendo presidente do BC, o senhor defender os altos juros. O senhor tinha que criticar e tenta baixar, não defender”, afirmou Aziz.

Ele também apoiou o presidente Lula da Silva (PT) por suas falas contra a alta taxa.

“Ninguém pode ficar chateado quando o presidente pede para baixar juros. É o papel dele e o meu dizer que os juros são altos. Não tem atrativo nenhum buscar dinheiro no banco. A quem interessa? Quem ganha?”.

Aziz concordou “em grande parte” com o senador Cid Gomes (PDT-CE) que fez uma dura fala contra a atual política do BC.

O senador cearense levou quadro negro e apresentou dados econômicos. “No BC, as pessoas vêm e voltam para o mercado financeiro. Com todo o respeito: pegue o seu bonezinho e peça para sair”, disse o senador ao presidente do BC.

De acordo com ele, a política de Campos Neto é a do Robbin Wood às avessas, ou seja, tira dos pobres para dar aos ricos. “Essa ‘autonomia’ é só em relação ao povo. O atual BC, e seus juros extorsivos, só servem ao mercado financeiro!”.

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“Não pegue boné”

O senador Plínio Valério (PSDB), autor do projeto que deu autonomia ao BC, entrou em defesa de Campos Neto.

“Não pegue o boné porque se fizer isso o PT vai botar um daqueles ex-diretores da Petrobrás que foram presos para comandar o BC e aí o caos será oficializado”.

Sob alegação de uma dívida pública alta, Campos Neto salvaguardou a atual taxa de juros, considerada desproporcional diante da realidade brasileira, pois são baixos os indicadores da atual inflação e da relação dívida/PIB.

Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente do BC é acusado de agir por motivação política.

Ele negou o componente político na decisão da taxa e afirmou que os juros subiram mesmo em ano eleitoral. Também disse aos senadores que não sabe quando a taxa básica de juros vai cair.

Na avaliação dos parlamentares que são críticos à política de juros, a taxa exorbitante inibe os investimentos e, por conseguinte, ausência de crescimento econômico e geração de emprego.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado