Omar Aziz desabafa: ‘Norte e Nordeste não respeitam ministra Marina’
De acordo com Aziz, a preocupação da ministra é com a política externa. “Ela quer fazer política para o exterior"

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 15/05/2024 às 19:26 | Atualizado em: 15/05/2024 às 19:53
O senador Omar Aziz (PSD-AM) disse nesta quarta-feira (15), durante a aprovação do plano de plano de adaptação à mudança do clima, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que não existe interlocução no parlamento com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
“Querer dizer que é só o Senado ou o Congresso Nacional? Não! Não há interlocução com a ministra. O Norte e o Nordeste não têm esse respeito, não. No Norte, principalmente no Acre, em que ela tem sua origem. No meu estado, também não tem esse respeito”, disse Omar Aziz.
De acordo com Aziz, a preocupação da ministra é com a política externa. “Ela quer fazer política para o exterior. Nós devemos política para o nosso país”.
O senador do Amazonas criticou novamente a posição da ministra contra o asfaltamento da BR-319 (Amazonas-Rondônia).
“Nós queremos ser brasileiros, queremos que a BR-319 seja asfaltada, queremos ser interligados ao Brasil”.
Conforme o senador, a maior autoridade ambiental não discute com o Congresso.
“É falho! E não é só ela, não; é a equipe toda. Você vai conversar com aquele Capobianco [João Paulo, secretário-executivo da pasta] é uma sumidade, é uma arrogância! Todo mundo tem arrogância”.
O senador lembrou que quando foi governador (2011-2014) fez o seu papel na questão ambiental quando reflorestou o Amazonas com recursos do Fundo Amazônia.
“Eu venho de uma região de que posso falar com muito orgulho. O meu estado é um estado que tem a sua vegetação natural intacta, praticamente”.
Continuando, afirmou:
“Agora, não culpem o Congresso só. Há falta de interlocução. E, no dia em que a ministra deixar de dar satisfação para o exterior e vir discutir com o Congresso, não tenha dúvida nenhuma de que nós estaremos prontos para ajudá-la”.
A fala do senador foi respaldada por diversos senadores da região Norte e resultou na decisão do presidente da comissão, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), de realizar uma audiência com a ministra para debater o assunto.
“Eu estava pensando que a quase prerrogativa de criticar a Marina todos os dias era minha, e eu vejo que não. A insatisfação é geral”, afirmou o senador Plínio Valério (PSDB-AM).
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Defesa
O líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), foi o único a sair em defesa da ministra.
Ele disse que o trabalho dela na área ambiental vai impactar na economia.
“Porque não adianta o Brasil ser um dos principais exportadores na agricultura se nós não tivermos efetivamente credibilidade no âmbito internacional, que vai impactar a pauta ambiental, a balança comercial, os contratos bilionários que o Brasil pactua”.
O senador petista diz que Marina pode “ter suas falhas”, mas contra fatos não há argumentos.
“Quem quis acabar com o Ministério do Meio Ambiente não foi o governo do presidente Lula, foi o do ex-presidente [Jair Bolsonaro]. Quem foi o ministro do Meio Ambiente que atacou sistematicamente a pauta ambiental não foi a Marina, foi o Ricardo Salles”, disse Contarato.
Ele também criticou os colegas por estarem “passando a boiada” [expressão usada pelo ex-ministro Salles] para atacar a pauta ambiental.
“Aqui eu pontuo para os colegas: o projeto de lei 364 elimina a proteção de todos os campos nativos; o projeto 1.282, obras de irrigação em áreas de preservação permanente. Isso é boiada!. O projeto 334 viabiliza a redução de reserva legal na Amazônia; o 2.374, anistia para desmatador”.
Foto: Roque de Sá/Agência Senado