Mesmo pouco afetada por Trump, indústria da ZFM está cautelosa, diz Cieam

Cieam analisa resultados do 1° semestre destacando desafios e defesa da Zona Franca de Manaus

Ana de Oliveira, especial para o BNC Amazonas

Publicado em: 24/07/2025 às 18:59 | Atualizado em: 24/07/2025 às 19:08

Nesta quinta-feira (24 de julho), o Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) apresentou os resultados do primeiro semestre de 2025, além das perspectivas para o setor industrial no Amazonas.

Durante o encontro, liderado pelo presidente do conselho superior, Luiz Augusto Rocha, foram discutidos o tarifaço imposto por Donald Trump, dos Estados Unidos, ao Brasil e suas consequências para a indústria da ZFM (Zona Franca de Manaus).

Rocha destacou que o Cieam age com prudência em relação à imposição do tarifaço de 50%. Contudo, essa cautela não se deve a um impacto direto, mas sim às consequências que a decisão poderá ocasionar para os estados parceiros, que serão os mais afetados por essa medida.

“Numa circunstância onde tudo está interrelacionado, eu diria que poderemos ter impactos para as cadeias logísticas de aquisição de produtos, de fornecimento, dos números do desemprego”.

Apesar do cenário, a perspectiva majoritária do conselho é de que as cadeias econômicas mais afetadas pelas medidas dos Estados Unidos tendem a não afetar de forma significativa a ZFM.

“Nós teremos que acompanhar no dia a dia para podermos tomar as providências necessárias nesse esforço que deve ser de negociação, nunca de confronto”.

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Seca dos rios

Na reunião, o Cieam ainda enfatizou a questão da seca dos rios, notadamente o Madeira, Negro e Amazonas, sublinhando que a logística de fornecimento e o escoamento de produtos permanecem como uma fragilidade, mas já há alternativas sendo exploradas para promover melhorias.

Em resposta aos desafios, a partir de 2023, as indústrias da ZFM adaptaram seus modelos logísticos para otimizar a chegada de insumos e a distribuição de produtos acabados, o que tem exercido um papel fundamental na redução dos impactos.

Além disso, a estratégia de alívio de cargas em Itacoatiara, no rio Amazonas, entrará em vigor.

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BR-319

Em relação à discussão sobre a BR-319, o Cieam reafirma a declaração do senador Omar Aziz (PSD), que defende que o direito de ir e vir é fundamental para o cidadão.

A deterioração da conectividade na região, para o presidente, é um reflexo direto da ausência de manutenção e dos investimentos necessários ao longo dos anos.

“Eu diria que é algo que nós precisamos repercutir. Não é pedir, é cobrar o que nós temos direito”.

Reforma tributária

Na ocasião, ainda foi abordado a preservação da ZFM diante da reforma tributária.

A colaboração entre a bancada parlamentar amazonense no Congresso Nacional e o Cieam possibilitou que a indústria de petróleo e gás da Amazônia, abrangendo desde a extração até a comercialização e utilizando fontes de energia mais sustentáveis, fosse considerada.

Como resultado, apesar de todas as complexidades e dos desafios enfrentados, a reforma tributária foi aprovada com salvaguardas importantes para a Zona Franca de Manaus.

Fotos: BNC Amazonas