Aziz: “Marina passeia na Paulista e nós queremos passear na BR-319”

Em outra intervenção, Aziz acusou Marina de atrapalhar o desenvolvimento do país: “A senhora está atrapalhando o desenvolvimento do nosso país. Tem mais de 5 mil obras paradas no Brasil”.

Aziz confronta Marina Silva sobre a BR-319 e diz que asfaltamento é compromisso do presidente, não do Meio Ambiente.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 27/05/2025 às 14:49 | Atualizado em: 27/05/2025 às 14:51

O senador Omar Aziz (PSD) fez uma fala nesta terça-feira (27/5), na Comissão de Infraestrutura do Senado, convicto de que não há como evitar o asfaltamento do trecho do meio (entre os km 177,8 e 655,7) da BR-319, o que vai permitir a trafegabilidade da estrada.

Em tom de vitória, por causa da aprovação no Senado do projeto sobre novas regras para o licenciamento ambiental, Aziz disse à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que ela não vai impedir o asfaltamento da rodovia.

“A gente quer sim a BR-319 ministra para passear, como a senhora disse”, lembrou o senador sobre uma fala anterior de Marina.

“A senhora passeia na Avenida Paulista hoje. Nós queremos passear na BR-319”, provocou Aziz, referindo-se a condição da ministra de deputada federal licenciada por São Paulo.

O senador deixou claro: “Não é compromisso da senhora, não é compromisso do Ministério do Meio Ambiente, é compromisso do presidente de asfaltar BR-319. Ela vai ser asfaltada agora, porque obras que já tinham sido asfaltadas, através dessa nova lei, elas podem ser asfaltadas sem precisar de licenciamento nenhum”.

Marina, que abandonou o debate após o senador Plínio Valério (PSDB) ter dito que não a respeitaria como ministra, respondeu a Aziz que o debate da BR-319 virou um “bode expiatório”.

“Esse bode expiatório chama-se Marina Silva, porque é concretíssimo que eu saí do governo em 2008. De 2008 para 2023, são quantos anos?  Ou não é verdade que, de 2008 a 2023, tem 15 anos? Por que o governo Bolsonaro não o fez?”, disse.

A ministra explicou que apresentou ao ministro dos Transportes, Renan Filho, a necessidade de a estrada ter uma “avaliação ambiental estratégica” para pensar a governança.

De acordo com ela, no ano passado, numa reunião na Casa Civil, o governo chegou à conclusão de que seria necessário ter a governança.

“Exatamente para evitar que esses 400 quilômetros, que, só com o anúncio da estrada, o aumentou [desmatamento] em 119%”, disse com base em dados do governo de Fernando Henrique Cardoso.

“Não faça essa maldade, ministra. Não faça isso, ministra. Eu moro lá, não diga isso, pelo amor de Deus!”, reagiu Aziz. “A senhora está dando um dado falso”, prosseguiu.

“Não, não é falso. Vamos, então, chamar os técnicos do Inpe, pegar os polígonos, comparar antes do anúncio, quando o Fernando Henrique fez o anúncio da estrada, para ver o que aconteceu na estrada”, respondeu a ministra.

“A senhora está falando de 30 anos atrás, ministra?”, indagou o senador. “Desde do processo em que vem se discutindo anunciar-se a fazer a estrada, quando se fala da estrada, a primeira coisa que tem é uma corrida de grilagem, por isso que o que se propõe desde lá é a avaliação ambiental estratégica”, disse.

Bate-boca

A situação complicou quando a ministra afirmou que o presidente Lula da Silva e ela defendem duas coisas em relação à estrada: “Não é só dizer o que não pode ser feito, é como pode ser feito”.

“Nós estamos dizendo que para fazer precisa da avaliação ambiental estratégica, para fazer precisa ter uma visão abrangente para toda a área da bacia. Eu digo com toda a tranquilidade da alma, que isso tem uma mistura de técnica e de ética, porque eu não faço o meu trabalho pensando nas próximas eleições. Eu faço o meu trabalho com base naquilo que é a lei e nas futuras gerações”, disse a ministra.

“A senhora não é mais ética do que ninguém aqui. Não venha mensurar ética para mim porque a senhora não tem esse direito”, retrucou Aziz.

Maria falou da preservação ambiental do Acre e disse que prefere sobre “injustiça do que praticar uma injustiça”.

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“Eu estava do lado dos que estavam preservando e, se há algo preservado ali, é porque, dos meus 18 aos meus 28 anos, eu vi morrerem seis pessoas nessa luta de proteção, para que o Acre tivesse a preservação que tem”, disse.

“A senhora viu seis pessoas morrerem. Eu vi 15 mil pessoas morrerem na cidade de Manaus por falta de oxigênio, porque a BR-319 não estava asfaltada e era época de inverno, ministra”, rebateu Aziz.

Fotomontagem: BNC Amazonas