Mandel e Salazar, um capítulo especial na eleição 2026 no Amazonas

Campeões de votos aparecem entre os principais nomes para deputado federal em pesquisa "fora de época".

Mandel e Salazar, um capítulo especial na eleição 2026 no Amazonas

Neuton Corrêa, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 07/05/2025 às 18:00 | Atualizado em: 07/05/2025 às 18:40

A considerar história, pesquisa, articulações e a decisão deste dia 6 de maio de 2025 da Câmara dos Deputados, de aumentar as vagas da bancada do Amazonas de oito para dez cadeiras, as lentes da mídia e do meio político se voltam agora para dois personagens. 

São eles o vereador Alexandre Salazar (PL) e o deputado federal Amom Mandel (Cidadania).

Entre eles há coincidências. 

Para começar, os dois foram fenômenos eleitorais nas últimas eleições a vereador em Manaus. Em 2020, Mandel apareceu para a política como o mais jovem eleito ao parlamento da capital. No pleito seguinte, Salazar foi o mais o votado.

Agora, o desenho das eleições de 2026 põe os dois como prováveis adversários por vagas à Câmara dos Deputados. 

Em primeira pesquisa, a mais de um ano e meio da eleição, portanto, com muita antecedência da fase de pré-campanha, mostra Mandel e Salazar empatados, em segundo lugar. Ambos obtiveram 10% de intenção de votos de 2 mil eleitores consultados na capital e em mais 15 municípios. 

O primeiro nesse estudo que listou nomes que ainda vão ser escolhidos em convenções partidárias, com 11%, é o deputado Roberto Cidade (União Brasil), atual presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas.

Levando em conta a margem de erro da pesquisa, no entanto, os três parlamentares estão empatados.

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Complicadores

Embora estejam no top 3 da corrida, os números, necessariamente, não são suficientes para eles. Não neste momento, sobretudo para Mandel.

É que, por ter sido o mais votado das eleições 2022, ninguém quer correr o risco de estar na mesma chapa que ele. Assim, Mandel pode ter que concorrer sozinho para fazer o quociente eleitoral à sua vaga. 

O que, contudo, não seria novidade para ele. Em 2022, alcançou todos os votos de que precisava. Mais que isso: tinha sobra pra eleger outro do Cidadania. Isso só não aconteceu porque o segundo mais votado de seu partido não atingiu 20% do quociente.

É aqui que o surgimento de Salazar ganha ainda mais destaque no jogo. 

O vereador do PL pode tirar o mandato de Mandel, ainda que ambos sejam os mais votados. Por quê? 

Para começar, eles atraem os eleitores que não se identificam com a política convencional. Por conseguinte, se não repetir a performance de 2022, Mandel não alcança o quociente.

Depois, temendo o potencial eleitoral do deputado, políticos tradicionais que se alinham em outros partidos tendem a fechar as portas para ele. 

Ou seja, todos querem distância de Mandel. Isso reforça a obrigação de ele cuidar sozinho de sua reeleição.

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História 

A história também pressiona Mandel. De 2002 até hoje, nenhum deputado federal mais votado de um pleito repetiu a performance na eleição seguinte. 

Isso aconteceu, mais recentemente, com Vanessa Grazziotin, Carlos Souza, Francisco Praciano, Arthur Virgílio Bisneto e José Ricardo Wendling. Confira:

2002 – Vanessa Grazziotin – 197.419 votos – 17,18%

2006 – Vanessa Grazziotin – 95.950 votos – 6,89%

2006 – Carlos Souza – 147.212 votos – 10,57%

2010 – Carlos Souza – 112.393 votos – 7,34%

2010 – Francisco Praciano – 166.387 – 10,87%

2014 – Praciano foi candidato a senador e perdeu

2014 – Arthur Bisneto – 250.916 votos – 14,00%

2018 – Bisneto foi candidato a vice-governador e perdeu com Omar Aziz

2018 – José Ricardo – 197.270 – 11,19%

2022 – José Ricardo – 89.017 votos – 4,47% – não reeleito 

2022 – Amom Mandel – 288.555 votos – 14,49%

Foto:  reprodução/Câmara dos Deputados/Assessoria