Major OlÃmpio é terceira vÃtima no Senado, mas CPI da covid não sai
Cerca de duas semanas antes de ser internado, no inÃcio de março, OlÃmpio havia se aglomerado em um ato contra o fechamento do comércio por conta da pandemia em Bauru (SP)

Publicado em: 18/03/2021 Ã s 17:13 | Atualizado em: 19/03/2021 Ã s 08:45
O senador Major OlÃmpio (PSL-SP) morreu, nesta quinta (18), em São Paulo, de complicações da covid-19.
Ele é o terceiro do Senado Federal a falecer devido ao coronavÃrus. Cerca de duas semanas antes de ser internado, no inÃcio de março, OlÃmpio havia se aglomerado em um ato contra o fechamento do comércio por conta da pandemia em Bauru (SP).
Em 8 de fevereiro, foi a vez de José Maranhão (MDB-PB), que também foi governador de seu estado, após mais de dois meses internado na capital paulista.
E no dia 21 de outubro do ano passado, Arolde de Oliveira (PSD-RJ) morreu depois de 16 dias hospitalizado no Rio de Janeiro.
Pode-se dizer que o Senado Federal é casa de polÃticos mais velhos e, portanto, com mais integrantes na faixa de risco aumentado de desenvolver formas mais severas de covid-19.
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Mas, ao mesmo tempo, são pessoas com acesso aos melhores médicos e tratamentos, ao contrário da esmagadora maioria dos brasileiros. E, mesmo assim, temos 3,7% dos senadores morreram por covid – taxa mais de 28 vezes maior que a do restante da sociedade.
Mesmo assim, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), tem resistido à pressão de seus pares e da sociedade para a instalação da CPI da Pandemia a fim de investigar as ações do governo federal no combate ao coronavÃrus.
Protege, dessa forma, a imagem de Jair Bolsonaro (sem partido) – que apoiou sua eleição.
Da falta de oxigênio em Manaus (AM), passando pelo represamento de recursos federais para a criação de leitos extras de UTI pelos estados e o vencimento de kits para teste em um galpão até o atraso na compra de vacinas, tivemos mortes desnecessárias como consequência da polÃtica adotada pelo governo. Isso precisa passar por escrutÃnio público.
Em reunião de lÃderes, nesta quinta, Pacheco disse que iria propor ao presidente da República, Congresso Nacional, Justiça, governadores e prefeitos uma grande “concertação nacional” contra a covid-19.
Isso, contudo, já foi buscado. E solicitado, mais de uma vez, que o presidente liderasse uma articulação nacional de combate ao vÃrus.
Contudo, como é contra a polÃtica de adoção de quarentenas e lockdowns, ele se omitiu do processo.
Desde então, prefere culpar governadores e prefeitos pelo impacto econômico da pandemia.
Em evento dos jornais O Globo e Valor Econômico, nesta segunda (15), o presidente do Senado disse acreditar que lockdown é uma medida extrema e pregou o pensamento positivo.
“Nesse momento o que nós do Congresso Nacional, e tenho absoluta convicção de que é o pensamento do presidente Arthur Lira, o que estamos buscando promover é um ambiente de positivismo, de positividade, para que nós possamos valorizar aquilo de bom que nós temos no Brasil”, afirmou Pacheco, citando a renovação do auxÃlio emergencial.
Quantos senadores, ou melhor, quantos brasileiros mais terão que morrer de covid para que o Senado e seu presidente entendam a gravidade da situação em que o governo Bolsonaro nos meteu e façam algo?
Quando vão perceber que, ao final de tudo isso, essa proteção dada por eles ao governo em troca de cargos, emendas e caraminguás será vista como cumplicidade na maior tragédia da história do paÃs? Pois não há pensamento positivo que mude os registros da História.
Leia mais na coluna do Leonardo Sakamoto, no UOL
Foto: reprodução/YouTube