Lula defende Marina e atuação do Ibama

Presidente justifica a lentidão do Ibama como consequência da falta de pessoal e da responsabilidade técnica nas licenças ambientais.

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 03/06/2025 às 20:04 | Atualizado em: 03/06/2025 às 20:06

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, saiu em defesa da ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, nesta terça-feira (3/6), chegando a agradecê-la por ter se retirado da sessão do Senado.

Foi a primeira manifestação pública de Lula após os ataques misóginos, machistas e racistas, segundos especialistas, que a ministra sofreu em audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado, na semana passada.

Na sessão do último dia 27 de maio, Marina Silva foi desrespeitada pelos senadores Plínio Valério (PSDB-AM) e Marcos Rogério (PL-RO) – presidente da Comissão de Infraestrutura – que chegou a mandar a ministra a “se colocar no lugar dela”.

“Quando terminou [sic] as agressões a ela no Senado, eu recebi um vídeo e liguei dando os parabéns por ela ter se retirado, pelas ofensas que fizeram e pela grandeza da atitude dela”, disse Lula da Silva em entrevista coletiva à imprensa no palácio do Planalto.

Em seguida, o presidente enalteceu Marina Silva e o seu trabalho à frente do Ministério do Meio Ambiente.

“É uma companheira da mais extraordinária lealdade ao governo pela qual eu tenho 100% de confiança e ela, tenho certeza, tem 100% de confiança em mim. É uma companheira que tudo o que faz, ela se propõe a discutir comigo”, ressaltou Lula.

Paciência com o Ibama

Por outro lado, o presidente da República também defendeu a “morosidade” do Ibama em liberar licenças ambientais de obras importantes.

“Há demora, às vezes, e há de convir que é normal que haja demora. Se você fosse ministro do transporte quando você tem o compromisso de fazer uma quantidade de obras e um dos fatores que está atrasando é a questão do Ibama, obviamente que o ministro do transporte fica discutindo com o Ibama”, exemplificou.

Ainda, na justificativa, Lula disse que quando retornou ao governo, em 2023, o Ibama tinha 700 funcionários a menos do que tinha, quando deixou o governo em 2010. Isso 15 anos depois.

“Então, nós sabemos que muitas vezes a morosidade do Ibama não é de má fé. Muitas vezes é a falta da quantidade de especialistas, além da exigência da capacitação técnica que as pessoas precisam para fazer as coisas. Se você não tem todas as pessoas que você precisa, demora mais”, justificou.

Atrito vai continuar

Lula da Silva reconheceu que o debate, as disputas internas, políticas e setoriais (empresariais, agronegócio) com o Ibama, por conta das licenças ambientais de empreendimentos, vão continuar, o que não é problema porque existe o viés do debate, do acordo e da negociação.

“Portanto, não há nenhum problema, vai continuar sendo um motivo de atrito sempre. Já foi no primeiro, no segundo e no meu terceiro mandato. Assim como foi no governo do Fernando Henrique Cardoso, no governo Sarney e foi no governo de todo mundo. Sempre haverá atrito, divergências entre as pessoas que concedem e as pessoas que querem receber [as licenças ambientais]”, ressaltou.

Até porque, segundo o presidente, se o Ibama der uma autorização precipitada, vem a cobrança imediata do Ministério Público. Daí a preocupação e responsabilidade social que tornam os dirigentes do órgão ambiental serem tão exigentes.

Decisão é de Lula

Por fim, Lula reiterou que é preciso ter paciência, cautela com as questões ambientais, cm o Ibama porque nada, em seu governo, deixa de ser resolvido sem sentar à mesa de negociação, no diálogo, na conversa.

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“E é isso que nós fazemos. Quando não tem solução, vem para a minha mesa e a gente decide. Isso [o projeto de lei que afrouxa as regras de licenças ambientais, aprovado no Senado] vai chegar para analisar, depois de passar pela Casa Civil. E quando chegar, eu vou dizer se concordo ou não com as regras aprovadas”, finalizou o presidente da República.

Foto: Ricardo Stuckert/PR