Justiça deve suspender concurso da Câmara Municipal de Manaus

Ação do Ministério Público do Amazonas pede correção de irregularidades em três editais do concurso previsto para este domingo.

Adrissia Pinheiro

Publicado em: 12/11/2024 às 16:25 | Atualizado em: 12/11/2024 às 17:11

Com público aguardado de quase 20 mil candidatos para as provas do próximo domingo, 17 de novembro, o concurso público da Câmara Municipal de Manaus é alvo de uma ação civil pública do Ministério Público do Amazonas (MP-AM) com pedido de suspensão.

As irregularidades apontadas incluem a ausência de vagas destinadas a cotas raciais e a falta de isenção parcial da taxa de inscrição.

A medida, que aguarda decisão judicial, solicita a suspensão imediata do andamento do certame.

O objetivo é que a câmara e o Instituto Acesso retifiquem o edital. Além disso, pede a reabertura dos prazos de inscrição.

De acordo com o promotor Antônio José Mancilha, a ação foi motivada pela denúncia de um candidato.

“São duas demandas. Uma é a omissão de previsão de cotas para pessoas negras, indígenas e quilombolas; e a outra é o fato de que a isenção de pagamento de taxa estava restrita a somente uma vaga. Após estudos, chegamos à conclusão de que não havia previsão legal de cotas raciais no município de Manaus, mas buscamos fundamentar a ação com base em um tratado internacional do qual o Brasil é signatário, que garante a reserva de vagas para cotas raciais. Esse foi o fundamento principal para atender o direito dessas pessoas”.

Mancilha é o titular da 57ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania.

Inicialmente, o MP argumenta que é evidente a “deliberada e flagrante ilegalidade” cometida pela comissão do concurso.

Além disso, alega que a câmara não aplicou a Convenção Interamericana contra o Racismo. Essa convenção também aborda a Discriminação Racial e Formas correlatas de Intolerância.

Ademais, o tratado integra o ordenamento jurídico do Brasil, por meio do decreto presidencial 10.932/2022, com status de emenda constitucional.

Justiça derruba ato do TCE-AM e libera concursos da câmara de Manaus

O MP-AM pede à Justiça concessão liminar de medida de urgência, em tutela antecipada, pela suspensão do andamento do concurso público, regido pelos editais 1,2 e 3/2024, com aperfeiçoamento do conteúdo para:

  1. viabilização efetiva do direito à isenção de taxa de inscrição em todos os cargos cujas provas tenham horários distintos de realização — por exemplo, poder inscrever-se nessa condição tanto para os exames destinados aos cargos de ensino médio (tarde) quanto superior (manhã);
  2. por meio dos parâmetros fixados na lei federal 12.990/2014 e na lei estadual 5.580/2021, aplicação das cotas raciais para pessoas negras, indígenas e quilombolas.

“Nós estamos aguardando agora a decisão judicial. Estamos com diligência na câmara municipal, para prestar esclarecimentos e esperamos que até amanhã, dentro do prazo legal, saia uma decisão favorável ao interesse social pela alteração do edital”, disse Mancilha.

Praticamente às vésperas das provas do concurso público, a ação civil pública foi ajuizada pelo MP-AM.

Ela reforça a importância das denúncias oficializadas pela população por meio dos canais oficiais.

Foto: divulgação