José Ricardo e aliança na câmara de Manaus: pragmatismo e traição?

A trajetória política do petista José Ricardo, que agora quer ser chamado de Zé, sempre foi marcada por sua identificação com os valores progressistas do Partido dos Trabalhadores (PT).

Como ex-deputado federal, hoje vereador eleito de Manaus, tornou-se uma das figuras mais emblemáticas da esquerda no Amazonas.

Zé é reconhecido por sua luta em defesa dos trabalhadores e dos menos favorecidos.

No entanto, a decisão de aliar-se à direita de seguidores de Bolsonaro na eleição da mesa diretora da Câmara Municipal de Manaus lança uma sombra sobre sua coerência política. E levanta uma série de questionamentos.

No dia 1º de janeiro, Zé Ricardo oficializará seu apoio ao vereador Rodrigo Guedes, do Progressistas (PP), um partido de centro-direita.

Mais do que isso, o petista agora se posiciona ao lado de figuras como o ultradireitista e policial militar Salazar (PL), conhecido por suas declarações polêmicas que incluem apologia à violência e a droga.

Essa aliança estratégica, que visa compor uma chapa vencedora na câmara, soa como um abandono das bandeiras que Zé Ricardo sempre defendeu.

Se a justificativa é pragmática – garantir espaço na mesa diretora para, supostamente, “fiscalizar” os recursos bilionários da prefeitura em 2025 –, a questão ética permanece.

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Princípios comprometidos

Até que ponto um político deve comprometer seus princípios em nome de uma estratégia momentânea?

Estar ao lado de figuras que promovem discursos historicamente combatidos pelo PT não seria um tiro no pé de sua credibilidade?

A história recente do PT tem mostrado a importância de se manter firme em seus ideais, mesmo em cenários adversos.

Ao escolher um caminho de conciliação com a direita, Zé Ricardo enfraquece não apenas sua própria imagem, mas também a da esquerda manauara, que se vê representada em uma posição de contradição evidente.

Ao posar para fotos ao lado de Rodrigo Guedes e Salazar, Zé Ricardo envia uma mensagem confusa a seus eleitores.

O discurso de defesa dos trabalhadores, da inclusão social e do combate às desigualdades se dilui em meio a uma aliança que carece de explicações consistentes.

A política exige diálogo e construção, mas não ao custo da coerência.

Zé Ricardo precisa refletir se esse movimento estratégico não compromete anos de luta em nome dos trabalhadores e das causas populares.

Afinal, o que será da credibilidade de quem se posiciona à esquerda, mas age como se estivesse à direita?

O vereador deve ao povo de Manaus – e a si mesmo – uma resposta clara sobre qual caminho deseja trilhar daqui em diante.

Foto: BNC Amazonas