Intervenção e prisão, remédios que podem ajudar o boi Garantido
Nenhum paliativo salva mais a gestão atual do boi da baixa do São José para esta disputa do Festival Folclórico de Parintins, que começa em dez dias

Ferreira Gabriel
Publicado em: 19/06/2023 às 19:14 | Atualizado em: 20/06/2023 às 11:31
Em profunda crise desde o ano passado, com quadro ainda mais grave neste ano, a diretoria do boi-bumbá Garantido precisa ser cuidada com tratamento de choque.
Nenhum paliativo salva mais a gestão atual do boi da baixa do São José para esta disputa do Festival Folclórico de Parintins, que começa em dez dias.
Nesse sentido, dois remédios são indicados para afastar do comando da agremiação a incompetência e a irresponsabilidade que o aflige.
Recomenda-se, no caso, a intervenção e a prisão.
A chantagem feita hoje (19) pelo presidente do bumbá, Antônio Andrade, de não colocar o boi na arena para a disputa com o Caprichoso se não receber dinheiro extra, chama-se irresponsabilidade.
Repito: levar a cabo tal ameaça chama-se irresponsabilidade e falta de respeito. E não somente com a agremiação folclórica.
É não ter a dimensão do que o boi e o festival representam para o município e para o Amazonas.
Há muito o boi deixou de ser um folguedo de terreiro e se assumiu como produto, como mercadoria e se transformou e transformou Parintins em um polo econômico de cultura, turismo, lazer e entretenimento.
Nesse caso, guardada as devidas proporções, no Amazonas, Parintins está para a região e para o estado como Hollywood está para a Califórnia e os Estados Unidos.
O Garantido, não por acaso conhecido como o “boi do povão”, deixar de ir para o bumbódromo seria um calote e uma catástrofe para a sua história e a imagem do evento. Trata-se, portanto, de algo impensável e inadmissível.
Considerar Parintins, ou a criatividade do parintinense, como polo econômico, significa compreender que os bois são partes importantes dele, mas não o todo.
Estão também envolvidos nessa cadeia produtiva o comércio e os serviços, que fazem alto investimento, as pessoas simples, moradores da cidade, que montaram bancas de venda, pousadas, quartos, triciclos e, sobretudo, os patrocinadores.
Esses, os patrocinadores, públicos e privados, têm responsabilidades com suas marcas.
Certamente, não irão querer associar o nome de suas empresas com improviso, que tenta mudar as regras do jogo a minutos do encerramento da disputa.
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Essa irresponsabilidade não pode receber socorro. Por isso, o Governo do Estado não deve ceder à chantagem que recebeu hoje.
A ameaça, obedecido ao devido processo legal, precisa ser punida com prisão.
A medida se faz necessária para não estimular a conduta e para que seja um remédio pedagógico, exemplar, para que os bois assumam o compromisso fiscal e social que assumem ao tomar verbas públicas para a sua realização.
E, como públicas, precisam ser fiscalizadas e seus tomadores, responsáveis, punidos com base nas regras que regem a gestão pública.
Ceder à chantagem agravará a doença que ainda tem cura.
E essa solução não pode ser esperada do governo. O próprio boi, a Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido, e seus sócios, é que devem intervir nessa crise.
Internamente, a organização precisa resolver seus problemas.
No caso, pedir intervenção, prestação de contas (séria) e a prisão do presidente Antonio Andrade, que é servidor da Receita Federal e, por isso, deveria ter mais respeito com a coisa pública.
Essa sugestão que se ousa fazer aqui não significa que se espera a imobilidade dos órgãos de fiscalização e controle.
Ou seja: também espera-se que o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público do Estado, a Defensoria Pública provoquem o Judiciário a reparar, com urgência, um prejuízo que já acontece ao festival e que pode se tornar irreparável.
Foto: Divulgação