Hugo Motta evita posição sobre anistia do 8 de janeiro e critica penas do STF
Presidente da Câmara discorda de que ataques foram tentativa de golpe e defende equilíbrio nas punições

Adrissia Pinheiro
Publicado em: 07/02/2025 às 14:36 | Atualizado em: 07/02/2025 às 14:36
Eleito presidente da Câmara com amplo apoio, Hugo Motta (Republicanos-PB) tem buscado equilíbrio em pautas sensíveis. Um dos temas mais controversos é a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro, sobre a qual ele evitou firmar posição definitiva.
Em entrevista a uma rádio da Paraíba nesta sexta-feira (7), Motta afirmou que os ataques foram uma “agressão inimaginável” às instituições, mas discordou da classificação de tentativa de golpe de Estado. Segundo ele, um golpe exige liderança, articulação e apoio institucional, fatores que, em sua visão, não estavam presentes.
“Ali foram vândalos, baderneiros que estavam inconformados com o resultado da eleição. Queriam demonstrar sua revolta achando que aquilo poderia impedir o prosseguimento do mandato do presidente Lula”, afirmou.
A posição do parlamentar diverge do entendimento do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), que considera os ataques uma tentativa de golpe.
Sobre as punições, Motta criticou o que chamou de “desequilíbrio” nas sentenças do STF. Ele defendeu punição para os responsáveis pela depredação do patrimônio público, mas sem penalidades que julga excessivas. “Não pode uma senhora que passou na frente do palácio, sem jogar uma pedra, receber 17 anos de pena em regime fechado”, argumentou.
Ele afirmou ainda que a anistia gera tensão entre os Poderes e que sua condução será feita com cautela. Sem garantir a votação do projeto, sinalizou que pode buscar diálogo com o Judiciário para “encontrar uma saída”.
Motta também comentou o cenário eleitoral de 2026. Para ele, o mais provável é um novo embate entre Lula e Bolsonaro, caso o ex-presidente reverta sua inelegibilidade. Ele acredita que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disputará a Presidência no futuro, mas deve buscar a reeleição no estado.
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Foto: Mario Agra/Agência Câmara