Moraes cobra Defesa sobre visita diária de coronel de Manaus a golpista
Ministério da Defesa informa STF sobre visitas diárias da coronel Carla Lobo ao marido preso. Caso levanta questionamentos sobre privilégios e regulamento de custódia.

Diamantino Junior
Publicado em: 26/12/2024 às 21:02 | Atualizado em: 27/12/2024 às 11:05
O Ministério da Defesa respondeu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (26/12) sobre a frequência das visitas recebidas por militares presos por envolvimento na trama golpista. Entre os casos analisados, o de maior destaque é o do tenente-coronel Hélio Lima. Ele recebeu visitas diárias da esposa, a coronel Carla Lobo, enquanto esteve sob custódia no Rio de Janeiro. Segundo o Exército, as visitas foram autorizadas pelo comandante do 1º Batalhão de Guarda de forma “extraordinária”, considerando que Carla reside em Manaus e teria permanecido na capital fluminense por tempo limitado exclusivamente para visitá-lo.
A demanda foi pedida pelo ministro Alexandre de Moraes, que havia estabelecido prazo de 48 horas para os comandos militares esclarecerem denúncias de visitas diárias, prática que infringe as regras vigentes.
“Extraordinariedade justificada”
Em nota, o Exército defendeu que as visitas diárias de Carla Lobo não violaram o regulamento ou decisões judiciais.
“A extraordinariedade das visitas realizadas pela Coronel Médica Carla Lobo Loureiro se justificou pelo fato de a mesma residir na cidade de Manaus/AM e ter permanecido na cidade do Rio de Janeiro por um curto período de tempo, somente para fins de visitação ao seu cônjuge”, afirmou o comunicado.
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A explicação, no entanto, contrasta com as regras de visitação dos custodiados, que não preveem exceções desse tipo. Moraes ainda não se manifestou sobre a justificativa apresentada pela Defesa.
Situação de outros presos
Além de Hélio Lima, os outros militares mencionados incluem os generais Braga Netto e Mário Fernandes, além do tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo. O Exército informou que não houve visitas diárias a Braga Netto e Mário Fernandes, mantendo-se dentro das normas estabelecidas.
Braga Netto, ex-ministro da Defesa no governo Jair Bolsonaro, foi preso no dia 7 de dezembro sob acusação de envolvimento na organização do plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o próprio Alexandre de Moraes.
Já Mário Fernandes é apontado pela Polícia Federal (PF) como o articulador do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que também previa ações violentas contra as autoridades mencionadas. Ele teria, ainda, tentado criar uma narrativa para culpar o então ministro da Justiça, Flávio Dino, pelos atos de 8 de janeiro.
Rodrigo Bezerra de Azevedo, por sua vez, é suspeito de ter utilizado codinomes e linhas telefônicas sigilosas em 2022 para coordenar o planejamento do golpe enquanto servia no Comando de Operações Especiais em Goiânia.
Contexto e implicações
As denúncias envolvendo visitas diárias reacendem o debate sobre privilégios e a condução das investigações contra os militares acusados.
O STF, por meio de Moraes, busca assegurar que as normas de custódia sejam respeitadas, enquanto a resposta do Ministério da Defesa traz justificativas que ainda devem ser avaliadas pela corte.
O caso de Carla Lobo destaca o peso das relações pessoais no contexto das prisões, suscitando questionamentos sobre o rigor no tratamento dado aos detidos.
Para o STF, garantir que o regulamento seja aplicado de maneira uniforme é essencial para evitar interpretações de favorecimento.
O desenrolar do caso poderá impactar não apenas as condições de custódia, mas também a percepção pública sobre a imparcialidade no tratamento dos envolvidos na trama golpista.
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Foto: reprodução