Fracassa plano de deputados da CCJ de anistiar golpistas de Bolsonaro

Deputada bolsonarista tentava desde o início da semana pôr o projeto em análise, com apoio de boa parte dos bolsonaristas da comissão

Fracassa plano de deputados da CCJ de anistiar golpistas de Bolsonaro

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 12/09/2024 às 10:58 | Atualizado em: 12/09/2024 às 11:00

O projeto de lei que iria anistiar os condenados nos atos golpistas de Bolsonaro no dia 8 de janeiro de 2023 não chegou nem a entrar na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) neste 11 de setembro, conforme havia prometido a presidente, a deputada federal bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC).

Caroline tentava desde o início da semana pôr o projeto em análise, com apoio de boa parte dos bolsonaristas da comissão.

Contudo, a intenção fracassou quando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), cancelou as intenções de Caroline e seus aliados ao abrir a ordem do dia no plenário. 

Segundo o regimento da casa, é proibido que as comissões façam qualquer atividade enquanto há sessão no plenário. 

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Como a pauta da quarta-feira já estava fechada, a estratégia era incluir o projeto da anistia como extrapauta. Mas, para isso, seria necessário ter o voto da maioria absoluta da comissão, o que não ocorreu.

“Infelizmente, no dia de hoje, nós estamos vendo que a anistia está sendo utilizada para barganhas políticas”, disse Caroline sobre a atitude de Lira.

Ela disse que vai voltar com o projeto na pauta de outubro.

O relator do projeto, Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), também ficou chateado com o presidente da Câmara. 

“Estamos vendo, desde o dia de ontem [10], uma manobra do governo, da esquerda, uma manobra de várias pessoas. Estamos sofrendo todo tipo de obstrução, de retaliação”.

Deputados bolsonaristas favoráveis ao projeto da anistia, inclusive o relator, têm condicionado o apoio a qualquer candidato à presidência da Câmara, em eleição prevista para 2025, a compromisso com a anistia dos golpistas.

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Tentativa de golpe

No dia 8 de janeiro de 2023, seguidores de Bolsonaro invadiram as sedes dos três poderes, em Brasília, pedindo a adoção de um golpe militar no Brasil.

 Pessoas envolvidas nos protestos, no financiamento ou na organização dos atos vêm sendo condenadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por, entre outros delitos, o de tentativa de golpe de Estado.

O parecer de Valadares argumenta que as condenações são injustas, não houve tentativa de golpe no dia 8 de janeiro “devido à falta de liderança e a ausência de apoio militar” e que aquelas pessoas “não souberam naquele momento expressar seu anseio”.

O deputado Túlio Gadelha (Rede Sustentabilidade-PE) disse que a invasão bolsonarista foi uma tentativa de golpe e que aquelas pessoas só deixaram os locais pela força dos agentes de segurança.

“A gente vê quando existe ou não tentativa de golpe a partir das intenções do autor. Naquele fatídico dia, existiam faixas que pediam intervenção militar. Existiam faixas que pediam a demissão dos ministros do STF. As pessoas invadiram o Congresso com a intenção de tomar o poder. Se o assassino não tem força para apertar o gatilho, ele não deixa de ter tentado um crime”.

Segundo o artigo 1º do projeto da anistia (2.858/2022), “ficam anistiados todos os que participaram de manifestações com motivação política e/ou eleitoral, ou as apoiaram, por quaisquer meios, inclusive contribuições, doações, apoio logístico ou prestação de serviços e publicações em mídias sociais e plataformas, entre o dia 08 de janeiro de 2023 e o dia de entrada em vigor desta lei”.

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Supremo

Com o adiamento do projeto de lei que prevê anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro, a CCJ passou a discutir a proposta de emenda à Constituição (PEC) 8, que limita as decisões monocráticas dos ministros do STF.

Um acordo entre governo e oposição firmou que a discussão seja encerrada nesta quarta-feira e que a votação da PEC 8 fique para uma próxima sessão.

A PEC analisada proíbe que decisões monocráticas suspendam a eficácia de lei ou de atos dos presidentes do Executivo e do Legislativo e faz parte de um pacote de quatro projetos que limitam a ação do STF e começaram a tramitar na CCJ nas últimas semanas.

Fonte: Agência Brasil

Foto: Lula Marques/Agência Brasil