Festival de Parintins 2025: Caprichoso e Garantido podem não participar
Governo do Estado foi notificado pelos bois para interromper licitação da venda de ingressos. Entenda a polêmica.

Adríssia Pinheiro, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 18/12/2024 às 12:39 | Atualizado em: 18/12/2024 às 12:44
Os bois-bumbás Caprichoso e Garantido, em documento ao Governo do Amazonas neste dia 18 de dezembro, ameaçam não participar do Festival Folclórico de Parintins de 2025.
Tudo se deve à polêmica sobre a venda de ingressos depois que a Secretaria de Cultura (SEC) lançou edital de licitação neste dia 17 para substituir a empresa que opera esse serviço em parceria com as associações desde 2017, a Amazon Best.
Nesse documento, que os bois chamam de notificação extrajudicial, é alertado ao governo que há contratos celebrados no festival em vigor, principalmente com base na Lei Rouanet, que podem causar prejuízos “multimilionários” às associações.
Dessa forma, afirmam que esse ato unilateral do governo de trocar a empresa da venda de ingressos, sem autorização dos bois, causará impacto financeiro irreversível, inviabilizando a continuidade do festival de Parintins.
Conforme o texto, os bois Caprichoso e Garantido se afirmam entidades privadas e que, portanto, não se submetem a normas de concorrência do serviço público.
“Não há vínculo que subordine essa atividade às normas de licitação pública, dada sua natureza privada”, diz trecho da notificação.
Assim sendo, essa licitação só poderia acontecer com autorização das agremiações, o que afirmam não existir.
Como resultado, a notificação conjunta à SEC pede a suspensão imediata do edital e seu objetivo, sob pena de o caso ser levado à Justiça.
Citando trechos da lei, os bois reivindicam direito exclusivo na comercialização dos ingressos como parte dos recursos necessários para a apresentação nas três noites de disputa na arena do bumbódromo.
Além disso, alegam que o ato do governo interfere em direitos autorais e contratuais, sendo ele apenas um patrocinador e cessionário do bumbódromo, o que não pode ser negado por se tratar de espaço público, criado especificamente para o festival de todo mês de junho.
Apontam ainda que o edital da SEC prevê o repasse do recurso dos ingressos aos bois dez dias depois do festival.
Trata-se, pois, de uma medida que inviabiliza o planejamento econômico e a realização do evento porque os bois dependem da venda antecipada dos ingressos para custear, por exemplo, despesas com artesãos, artistas, logística e infraestrutura.
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O que diz o governador
Neste dia 17, o governador Wilson Lima se disse aberto ao diálogo com os dirigentes de Caprichoso e Garantido.
Contudo, contesta o atual modo de comercialização dos ingressos por considerar que os bois atuam como sócios da Amazon Best.
Confira o que ele disse:
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O que dizem os bois
“As Associações Boi-Bumbá Garantido e Boi-Bumbá Caprichoso vêm a público manifestar que não reconhecem a legitimidade da publicação do Edital de Dispensa de Licitação nº 007/2024, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, que determina unilateralmente a contratação de uma empresa para gerir a venda de ingressos do Festival de Parintins 2025.
A decisão, tomada sem consulta ou anuência das agremiações que protagonizam o festival, representa uma grave violação à autonomia das Associações Responsáveis Legais pela execução dos espetáculos dos Bois Garantido e Caprichoso.
A comercialização de ingressos é uma atribuição exclusiva das associações, sendo indispensável para o financiamento dos espetáculos executados no bumbodromo. Este ato desrespeita décadas de tradição e compromete a essência do maior festival folclórico do Brasil.
A medida retira das associações o controle sobre uma das principais fontes de recursos para a produção do espetáculo, ameaçando diretamente a viabilidade do evento e a dignidade dos trabalhadores, artesãos e artistas que dão vida a esse espetáculo.
Além disso, o modelo imposto prejudica diretamente a parceria das associações junto a patrocinadores que, há anos, apoiam o festival.
Reafirmamos que o Festival de Parintins é mais do que um evento: é um patrimônio cultural do povo amazonense, construído pelo esforço coletivo das Nações Vermelha e Azul. Não aceitaremos que decisões unilaterais e alheias às nossas realidades coloquem em risco a grandeza e a autenticidade do festival.
O processo deve ser imediatamente suspenso e o diálogo deve prevalecer para assegurar o respeito às tradições, à autonomia e à cultura dos Bois Garantido e Caprichoso”.
Foto: divulgação