Federação Psol-Rede pede cassação de Plínio Valério e Marcos Rogério
Representações no Conselho de Ética acusam Plínio e Rogério de misoginia, racismo e quebra de decoro.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 30/05/2025 às 13:47 | Atualizado em: 30/05/2025 às 13:47
A Federação Psol-Rede ingressou com representações no Conselho de Ética do Senado para que os senadores Plínio Valério (PSDB-AM) e Marcos Rogério (PL-RO) sejam punidos com a perda do mandato pelas agressões contra a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
A ministra, que é filiada à Rede, participou de audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado na última terça-feira (27) quando se retirou da reunião por se sentir desrespeitada.
A federação pede ainda que o caso seja comunicado ao Ministério Público Federal para possíveis providências na esfera penal.
“Marina Silva, ministra do nosso país, vem sendo submetida a um grau de violência política assustador, denotando um alto nível de racismo e misoginia dentro dos espaços institucionais. A tentativa de intimidar parlamentares mulheres, com vozes ativas na política institucional, como a ministra Marina, é prova disso”, diz um trecho.
Os partidos alegam que Rogério, presidente da comissão, ofendeu a ministra dizendo para ela “se pôr no seu lugar” e Valério afirmou que a ministra “não merecia respeito”.
Nas representações, as siglas dizem que asa condutas dos senadores, que representam estados da Amazônia, como Marina, “configuraram violação gravíssima à Constituição federal, ao Código de Ética do Senado e à lei 14.192/2021, que trata da prevenção e combate à violência política contra a mulher”.
Além disso, os ataques foram “machistas, misóginos, ilegais e abusivos” e incompatíveis com o decoro parlamentar.
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O que aconteceu
A ministra se desentendeu com Rogério por ele ter cortado sua fala quando ela respondia a vários questionamentos do senador Omar Aziz (PSD-AM).
“Ponha-se no seu lugar”, disse o senador de Rondônia, após ironizar a “educação” de Marina que exigia o direito de responder aos questionamentos.
“Essa é a educação da ministra Marina Silva”, disse Rogério.
“Eu tenho educação. Mas, o que o senhor gostaria é que eu fosse uma mulher submissa e eu não sou”, respondeu Marina.
“Os questionamentos são respondidos, os comentários, não”, disse o senador.
Ao ser chamado para questionar a ministra, o senador Valério, do Amazonas, disse:
“Ministra, que bom reencontrá-la. E ao olhar para a senhora, estou vendo uma ministra. Não estou falando com a mulher. Estou falando com a ministra”.
Mesmo com o microfone desligado, a ministra respondeu:
“Eu sou as duas coisas”.
Valério, então, retrucou:
“A mulher merece respeito, a ministra, não”.
A ministra cobrou um pedido de desculpa do senador ou ela se retiraria da sessão. Como não houve, a ministra deixou a reunião.
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Histórico violento
Em março deste ano, o senador amazonense já havia dito que sentia vontade de “enforcar” a ministra.
“O senhor que diz que queria me enforcar. Foi o senhor que disse que queria me enforcar”, relembrou Marina, antes de se retirar.
Foto: Roque de Sá/Edilson Rodrigues/Agência Senado