Massacre de presos no AM pode ter sido causado por fake news, diz UOL

Presos

Aguinaldo Rodrigues

Publicado em: 04/06/2019 às 12:24 | Atualizado em: 04/06/2019 às 12:24

O massacre de 55 presos em quatro presídios do Amazonas, nos últimos dias 26 e 27 de maio, em Manaus, pode ter nascido de fake news (notícias falsas) espalhadas por inimigos e membros da facção criminosa Família do Norte (FDN).

Essa é a suspeita que circularia dentro da própria facção, segundo publica nesta terça, dia 4, o portal do UOL.

A suposta trama, com divulgação de informações falsas, teria sido armada para criar um racha no grupo criminoso que domina o tráfico de drogas e o controle de ações no sistema prisional do estado, como demonstraram as execuções coordenadas e simultâneas de presos nos quatro presídios.

Soma-se a essa guerra interna corporis da FDN, comandada de dentro de presídios federais de “segurança máxima” pelos chefes Zé Roberto da Compensa e João Branco, o interesse de facções rivais no filão das drogas que saem da tríplice fronteira com Colômbia e Peru.

 

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Guerra territorial

PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) tentam conquistar territórios da FDN. Essa guerra de criminosos ficou bem evidente nos maiores massacres entre presos da história do país, registrados em sequência nos presídios de Manaus, Boa Vista (RR) e Natal (RN) desde 2017.

“A tese que está crescendo agora é que há uma disputa pelo controle do crime no Amazonas. E essa disputa inclui a FDN. É uma facção em guerra com outras, mas também com ela mesma”, disse ao UOL o sociólogo Ítalo Lima, pesquisador das facções no Amazonas no LEV (Laboratório de Estudos da Violência) da UFC (Universidade Federal do Ceará).

 

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FDN em crise

Para a Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas (Seap), o massacre deste ano foi ação interna da FDN.

Segundo o UOL, o depoimento de um suspeito de participação no massacre deste ano, a ordem partiu do traficante João Branco, que quer rachar o comando de Zé Roberto da Compensa e estaria negociando parceria com o CV.

“A ordem do JB [João Branco] é para matar todos os frentes do Zé no sistema, e quando ele [Zé] voltar, é para matar também”, seria a ordem.

 

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Sheila, a pivô

Outro personagem sinistro dessa história seria uma mulher de nome Sheila, suposta companheira de João Branco. Ela seria o elo de comunicação do traficante com seus seguidores na facção.

Após o massacre, vídeos e fotografias atribuídos a ela viralizaram em redes sociais. Neles, a mulher que seria Sheila aparece praticando sexo com inimigos do companheiro.

Em 2013, teria sido também ela a pivô da execução do delegado da Polícia Civil Oscar Cardoso, um crime em praça pública que teria sido ordenado por João Branco. Ela, Sheila, teria denunciado ao companheiro que o policial e sua equipe a teriam estuprado.

“Isso é uma armação [da Sheila e mais dois integrantes]. Eles querem destruir nossa família. Somos uma só família e, até que nossos pilares digam diferente, estaremos unidos aqui”, diz “comunicado” da FDN.

 

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Explosão da violência no Amazonas

A disputa das facções fez explodir o número de homicídios no Amazonas, que chamou a atenção do Atlas da Violência 2018.

“O Amazonas observou na última década um aumento expressivo da violência. Essa tendência pode ser observada em se considerando o número de homicídios que saltam de 699 em 2006 para 1.452 em 2016”, diz o documento.

Leia matéria completa do UOL Notícias.

 

Foto: Reprodução/YouTube