Escândalo das emendas: deputado do PP faz mimo de R$ 1,3 milhão à noiva

Vereadora diz ter recebido emenda de R$ 1,3 milhão do noivo deputado, reacendendo críticas sobre a transparência nas verbas parlamentares.

Diamantino Junior

Publicado em: 11/04/2025 às 19:00 | Atualizado em: 11/04/2025 às 19:00

A destinação de uma emenda parlamentar no valor de R$ 1,3 milhão ao Hospital Santa Cruz, no município gaúcho de Santa Cruz do Sul, reacendeu o debate sobre a transparência e os critérios de prioridade na alocação de verbas públicas.

O recurso, destinado pelo deputado federal Covatti Filho (PP-RS), foi anunciado como um “presente” à noiva, a presidente da Câmara Municipal, Nicole Weber (Podemos), em vídeo gravado pela própria vereadora na Esplanada dos Ministérios.

Embora não haja ilegalidade no repasse, a forma como a verba foi anunciada — como uma doação pessoal, em tom de celebração romântica — expõe a fragilidade dos mecanismos de controle e lisura no uso das emendas parlamentares.

Nicole, em vídeo enviado por WhatsApp a eleitores, diz ter descoberto que o problema elétrico do hospital “podia ter sido resolvido dentro de casa”, referindo-se à relação com o deputado e futuro marido.

A ação ocorre em um contexto em que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem cobrado maior transparência e critérios técnicos na distribuição de emendas, principalmente as chamadas emendas de relator, historicamente marcadas por pouca rastreabilidade.

O caso ainda chama atenção pelo valor do repasse: se confirmado, será o maior recebido por Santa Cruz do Sul em quase três anos e o segundo maior em mais de uma década, superando em quase três vezes a maior emenda já destinada ao hospital.

Diante da repercussão, a vereadora afirmou que a conquista reflete sua atuação parlamentar, e não o vínculo pessoal com o deputado.

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Já Covatti Filho declarou que o vínculo afetivo não interfere em sua decisão de apoiar o município.

Ainda assim, o episódio deixa no ar uma pergunta incômoda: quantas outras emendas, embora legais, são distribuídas mais por laços pessoais ou interesses políticos do que por critérios técnicos e de real necessidade?

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Foto: redes sociais