Delegado que ocultou corpo de Thomazinho Meireles é condenado

O amazonense de Parintins sumiu em 1974, preso pelo regime da ditadura militar. Seu corpo nunca foi encontrado.

Neuton Corrêa, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 13/06/2023 às 23:06 | Atualizado em: 13/06/2023 às 23:10

Cláudio Antônio Guerra, ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do Espírito Santo, hoje com 84 anos, foi condenado a 7 anos de prisão na semana passada. Ele é acusado, e confessou, de ter ocultado 12 corpos de militantes políticos contrários à ditadura militar no Brasil (1964-1985).

Entre as vítimas do agente está o amazonense Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto, natural de Parintins.

Thomazinho Meireles, como era conhecido, desapareceu após ter pelo sido preso pelo regime, no Rio de Janeiro, no dia 7 de maio de 1974.

A condenação do criminoso a serviço dos militares foi da Justiça federal de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense.

A informação foi publicada nesta segunda-feira, 12, pela Agência Brasil dê Notícias, estatal do governo federal.

De acordo a matéria, a denúncia contra Guerra foi apresentada em julho de 2019 pelo procurador da República Guilherme Virgílio.

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O procurador, segundo a Agência Brasil, se baseou nas confissões dos crimes cometidos por Guerra.

Essas confissões aparecem no livro “Memórias de uma guerra suja”. Nele, o ex-delegado assume que recolheu 12 corpos para serem incinerados.

Ainda segundo o livro, os corpos eram recolhidos na “casa da morte”, em Petrópolis (RJ) e no DOI-Codi, na Tijuca, para serem queimados em Campos de Goytacazes (RJ).

O corpo de Thomazinho nunca foi encontrado.

“A confirmação dos corpos levados por Guerra foi feita em vários depoimentos, incluindo um prestado no MPF no Espírito Santo. Essas 12 pessoas mencionadas por Guerra fazem parte de uma lista de 136 pessoas consideradas desaparecidas pelo relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV)”, diz a noticia.

Da condenação cabe recurso. A Justiça federal concedeu a Guerra o direito de recorrer em liberdade.

Conforme a Agência Brasil, contato com a defesa do ex-delegado não teve êxito.

Foto: reprodução/arquivo de família