Cristo no Brasil é laico, decide STF
Supremo formou maioria contra ação que retirava símbolos religiosos de repartições públicas. No Amazonas, imagens de Cristo estão em todos os poderes constituídos

Neuton Corrêa, do BNC Amazonas
Publicado em: 26/11/2024 às 06:10 | Atualizado em: 26/11/2024 às 10:21
Enquanto, em solo, líderes de religiões afro-brasileiras celebravam o Dia Nacional da Consciência Negra em luta por respeito, justiça e igualdade, do alto, a cruz de Cristo sobressaía.
Em Manaus, essa discrepância oficial aconteceu no último dia 18, no plenário da Assembleia Legislativo do Estado (ALE-AM), o Poder Legislativo Estadual.
Quatro dias antes, também na ALE-AM, mas noutro local, já se via semelhante incongruência. Foi no auditório Senador João Bosco.
Dessa vez, o pretesto era o de outorgar o Prêmio Nestor Nascimento 2024. A premiação, que nasceu em 2022, tem como uma das categorias principais a de Preservação da fé nas religiões de Matriz Africana e combate à intolerância religiosa.
Pois bem! Enquanto os prarticantes das religiões afro-brasileiras se manifestavam com músicas, danças e discursos, era que o Cristo morto da cruz que contemplava o ato do ponto mais visível no local.
O constrangimento a que a fé dessas pessoas se submeteu não é recente. No Amazonas, pode-se notar nas repartições e principalmente dos plenários legislativos e do Judiciário.
Vejam nas imagens abaixo.




Estado laico com fé dominante
Pois bem, esse premâmbulo todo foi para dizer que a coisa não vai mudar, pelo menos agora, no atual momento da sociedade.
A ação que o Ministério Público Federal moveu para que o estado de São Paulo retirasse símbolos religiosos (crucifixos, imagens de santos e outros objetos ) das repartições começou ontem a perder sua última batalha. Venceu na primeira instância e na segunda.
Em julgamento virtual, o STF formou maioria negando a prática. A decisão terá repercussão geral, ou seja, vale para todo o Brasil e em todas as instâncias da Justiça.
O relator do caso, o ministro Cristiano Zanin, considerou que os objetos religiosos não ferem a Constituição e que fazem parte do aspecto-cultural presente. Ele ressaltou que o cristianismo faz parte da formação da sociedade brasileira e que os feriados alusivos à religião, os nomes de cidades, estados e locais públicos fazem parte da cultura do país.
Sem mudar nada, seguiram Zanin os ministros Flávio Dino, André Mendonça, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. O ministro Edson Fachin acompanhou Zanin, mas fez ressalvas.
O julgamento pode se encerrar nesta terça-feira, 26.
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Foto: Alberto César Araújo/ALE-AM