Metade da bancada do Amazonas na Câmara assina pedido de CPI do INSS

Deputados querem investigação das fraudes bilionárias no INSS; oposição acusa governo Lula, e base lembra que esquema começou na gestão Bolsonaro.

Iram Alfaia, do BNC AMAZONAS em Brasília

Publicado em: 30/04/2025 às 18:58 | Atualizado em: 30/04/2025 às 19:01

Dos oito parlamentares da bancada do Amazonas na Câmara dos Deputados, quatro assinaram o requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes no INSS.

A Operação “Sem Desconto”, realizada pela Controladoria-Geral da União (CGU) da Polícia Federal (PF), desbaratou fraudes envolvendo mais de R$ 6 bilhões em descontos, sem autorização, na folha de aposentados.

Os deputados Alberto Neto (PL), Fausto Júnior (União Brasil), Pauderney Avelino (União Brasil) e Silas Câmara (Republicanos) estão entre os 185 parlamentares da lista do requerimento protocolado nesta quarta-feira (30).

“Assinei a CPI dos Aposentados. Aposentados que trabalharam uma vida inteira não podem ser lesados por fraudes e esquemas. É hora de investigar e corrigir as injustiças. Estou nessa luta”, disse Fausto Júnior.

“A roubalheira voltou com força total e, desta vez, as vítimas são os aposentados do nosso país. [Alessandro] Stefanutto, presidente do INSS, foi afastado por ordem judicial em uma operação que apura supostos desvios. Já é o segundo a cair no desgoverno Lula. Enquanto isso, o povo sofre e o sistema que deveria proteger nossos idosos é usado como cofre de corrupção”, disse Alberto Neto.

O pedido da oposição, feito pelo deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), não tem apoio da base do governo do presidente Lula da Silva.

Deputados do PL são a maioria na lista. Outras assinaturas são de parlamentares do Novo, PRD, Avante, Podemos, Cidadania, PSDB e Solidariedade e União Brasil.

“Nós conseguimos as assinaturas para instalar a CPI dos sindicatos que fraudaram o INSS. Essa é uma grande conquista para o povo brasileiro. Sabe por quê? Porque o velhinho, meu amigo, não aguenta mais esse desconto indevido”, disse o deputado rondoniense.

Base aliada

Parlamentares da base lembram que foi o governo de Lula da Silva que desmontou o esquema de descontos ilegais de aposentadorias e pensões por parte de entidades, que já ocorria desde 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro.

O líder do PT da Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), ressaltou que esse esquema atravessou todo o governo Bolsonaro sem que nada tivesse sido feito.

De acordo com ele, a punição dos envolvidos no esquema é prioridade do governo federal, assim como a devolução dos valores descontados ilegalmente de aposentadorias e pensões.

“A preocupação do governo é com os aposentados, e ele vai dar um jeito de ressarcir e bloquear quem ganhou dinheiro (ilegalmente). A verdade é que, das onze entidades investigadas, dez delas já atuavam durante o governo Bolsonaro”, lembrou.

Ele diz não ter dúvida de que a investigação da PF vai desmontar todo o esquema que começou em 2019, quando o ministro era o Paulo Guedes (o ministério da Previdência era uma Secretaria do Ministério da Economia).

O líder do PT destacou ainda que, durante o governo Bolsonaro, a Previdência foi comandada pelo então secretário da Previdência e atual senador e líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), depois pelo ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL-RS) e por José Carlos Oliveira, que foi presidente do INSS e assumiu a pasta da Previdência no final do governo Bolsonaro.

“Não estou acusando, mas todos vão ter que depor sobre esse inquérito. O que a sociedade quer dizer é o seguinte: quem cometeu um crime abjeto como esse vai ter que pagar”, diz o líder.

Foto: divulgação