‘Pedido de resgate’ para destravar Congresso é salvar Bolsonaro
Oposição trava Congresso e exige anistia a Bolsonaro e impeachment de Moraes como "resgate" para retomar votações.

Publicado em: 06/08/2025 às 17:27 | Atualizado em: 06/08/2025 às 17:28
Enquanto o Congresso Nacional segue com os trabalhos legislativos travados, dois encontros paralelos ocorrem nesta quarta-feira (6/8) nas residências oficiais da Câmara e do Senado, na tentativa de retomar a normalidade.
As reuniões são uma resposta à obstrução articulada por parlamentares da oposição, que agora impõem o que líderes governistas classificam como “pedidos de resgate” para liberar as pautas no plenário.
Entre as exigências feitas pela base bolsonarista para cessar o bloqueio está a votação do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a aprovação de uma anistia ampla e irrestrita aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023 — incluindo o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, que pode ser julgado nos próximos dias.
Curiosamente, Flávio Bolsonaro, um dos articuladores do bloqueio no Senado, chama esse conjunto de medidas de “plano da paz”.
Para o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, as ações da oposição são inaceitáveis.
Ele afirmou que não está disposto a negociar a liberação do plenário diante das exigências que considera antirrepublicanas:
“A tendência deles é aumentar [a pressão], porque vai começar o julgamento do Bolsonaro. Não pode haver concessão à chantagem. Eles não podem ter algum tipo de vitória política com esses métodos. Isso é inaceitável.”
Na Câmara, a reunião ocorre na residência oficial do presidente Hugo Motta (Republicanos-PB), enquanto no Senado o encontro é liderado pelo presidente Davi Alcolumbre (União-AP).
Segundo Lindbergh, Motta deve assumir a presidência da Casa sem acordos, pois “a cadeira já é dele”.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), também criticou a tentativa de negociação da oposição, alegando que não há mais tempo para esse tipo de pauta.
“Na próxima semana, precisamos votar a medida provisória que trata do imposto de renda para quem ganha até dois salários mínimos, antes que ela perca a validade.”
No Senado, apenas o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN), deve participar da reunião com Alcolumbre.
Os demais líderes bolsonaristas já sinalizaram que continuarão com a obstrução.
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Foto: Reprodução/ deputado Alberto Neto