Congresso deve chancelar ato de Lula pela intervenção no DF

Lula nomeou o interventor Ricardo Garcia Cappelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, para comandar as ações da área no DF até o final de janeiro.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 09/01/2023 às 11:33 | Atualizado em: 09/01/2023 às 11:34

Num cenário de destruição, parlamentares começaram a chegar a Brasília nesta segunda-feira (9) para votar, em regime de urgência, o decreto do presidente Lula determinando intervenção na segurança pública do Distrito Federal (DF). Depois da depredação promovida por golpistas neste domingo (08/1) nas sedes dos três Poderes, deputados e senadores visitaram as instalações do Congresso na madruga desta segunda-feira (09/1).

Na ocasião, encontraram as vidraças da frente e interna do Congresso quebradas por bombas e pauladas, móveis e obras de artes destruídas.

Para que a polícia faça a perícia, o Congresso encontra-se fechado. Apenas funcionários autorizados pela administração puderam entrar no local.

O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que convocou sessão extraordinária para avaliar o ato presidencial, chega nesta segunda-feira a Brasília após interromper férias na França.

A perspectiva entre os parlamentares é que o ato do presidente será chancelado pelo Congresso. A última intervenção, feita em 2018 por Michel Temer no Rio de Janeiro, ganhou aval das duas Casas.

Decisão acertada

“Esses atos resultados da imprudência de um líder sem responsabilidade e sem integridade. E que contam com o financiamento e incentivo de parlamentares e autoridades. Essas ações são lamentáveis. Mas não vão nos intimidar. O povo escolheu e quer paz. Estaremos firmes na luta pela democracia e por um Brasil melhor”, disse o senador Omar Aziz (PSD).

O deputado federal Sidney Leite (PSD) classificou a decisão do presidente Lula acertada. “A omissão do governador do DF é notória e no mínimo vergonhosa”, criticou o parlamentar.

Para ele, atos terroristas não devem ser tolerados. “Não podemos abrir mão do estado democrático de direito e por isso, defendo uma ação rápida e dura por parte do Congresso Nacional. E os responsáveis e financiadores devem ser punidos na forma da lei”, afirmou o deputado amazonense.

“A Intervenção Federal na segurança pública de Brasília é um importante passo em defesa da nossa democracia. Precisamos responder à altura e punir TODOS os envolvidos. Inclusive, os funcionários públicos que foram omissos e coniventes com a tentativa fracassada de golpe”, considerou o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA).

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“O governo do Distrito Federal, mais do que irresponsável, foi conivente com os atos terroristas a que estamos assistindo. Os criminosos contaram com o apoio das forças de segurança para praticar a barbárie em curso”, avaliou o senador Humberto Costa (PT-PE).

Intervenção

Lula nomeou o interventor Ricardo Garcia Cappelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, para comandar as ações da área no DF até o final de janeiro.

O ato do presidente tem efeito imediato, mas precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados e o Senado

O ministro Alexandre de Moraes afastou do cargo o governador Ibaneis Rocha (MDB) por 90 dias.

No seu lugar, assume a vice-governadora, Celina Leão (PP). A força policial também está cumprindo a determinação dele para que seja desmontado o acampamento em frente ao QG do Exército na capital.

Foto: Pedro França/Agência Senado