Caso do promotor que comparou advogada a cadela no Amazonas não anda há mais de ano
Reação da defesa de Catharina Estrella contra o promotor Walber Nascimento é diante do caso parado há mais de um ano. A razão: dez promotores e um juiz se recusam à causa.

Adrissia Pinheiro
Publicado em: 03/04/2025 às 15:28 | Atualizado em: 03/04/2025 às 20:46
A defesa da advogada criminalista Catharina Estrella denuncia a falta de andamento do processo contra o promotor Walber Luís do Nascimento, que a comparou a uma cadela durante uma audiência. A ação está parada há mais de um ano porque dez promotores e um juiz se declararam suspeitos para julgá-la.
O episódio aconteceu em setembro de 2023, na 3ª Vara do Tribunal do Júri do Amazonas. Durante a sessão, Nascimento afirmou que comparar a advogada a uma cadela seria uma “ofensa” ao animal. O comentário foi gravado e viralizou nas redes sociais. Um mês depois, Estrella entrou com uma queixa-crime contra o promotor.
Desde então, o caso não avançou devido aos sucessivos impedimentos declarados pelos representantes do Ministério Público do Amazonas (MP-AM).
Entre eles estão Marlene Franco da Silva, Rogeanne Oliveira Gomes da Silva, Carlos José Alves de Araujo, Ítalo Klinger Rodrigues do Nascimento, Marcio Fernando Nogueira Borges de Campos, Valber Diniz da Silva e Carolina Monteiro Chagas Maia. Também alegou impedimento o juiz Luíz Alberto Nascimento Albuquerque.
A defesa da advogada, conduzida pelos juristas Alberto Zacharias Toron e Renato Marques, critica a paralisia do processo.
“Vergonhoso o comportamento do promotor de Justiça, mas tão vergonhoso quanto é a sucessão de colegas se declarando impedidos de atuar e, com isso, impedindo o andamento da ação penal e consagrando a impunidade”, disse Toron.
“É uma dor que só quem é mulher sabe. Ser inferiorizada por ter nascido mulher é algo que me revolta muito. Ele [o promotor] usa o sistema para se safar. Não acolheram minha dor, não tomaram providência. Estou há mais de um ano e meio [esperando]”, disse Catharina ao expressar sua frustração.
Juiz punido
O juiz Carlos Henrique Jardim da Silva, que presidiu a audiência, foi responsabilizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por omissão no caso e recebeu pena de censura em fevereiro deste ano. No entanto, o processo contra o promotor Walber Nascimento continua travado.
O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) informou que não se manifestará sobre o processo em andamento. Já o advogado de Walber Nascimento, Bruno Infante Fonseca, afirmou que o promotor e demais servidores agiram dentro da legalidade e repudiou qualquer tentativa de intimidação.
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Foto: divulgação