Bolsonaro se enrola sobre ‘motociata’ ser ‘coisa de homem’
Esses eventos são promovidos pelo presidente que, comumente, anda ou pilota motocicletas ao lado dos seus apoiadores pelos estados

Diamantino Junior
Publicado em: 13/07/2022 às 17:29 | Atualizado em: 13/07/2022 às 17:29
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quarta-feira (13) que tem menos aceitação entre o eleitorado feminino porque as mulheres “gostam menos” de motociatas. Os eventos são promovidos pelo presidente que, comumente, anda ou pilota motocicletas ao lado dos seus apoiadores pelos estados, faz discursos e publica nas redes sociais.
De acordo com a pesquisa Datafolha, o atual mandatário encontra resistência entre o eleitorado feminino de todas as classes sociais para o pleito deste ano. Já os homens são a maioria do público bolsonarista.
“Porque, a gente, o homem ou a mulher pensa de maneiras diferentes. Não há a menor dúvida que pensa, né? Mas todos pensam. Daí, por exemplo, a gente faz movimento de motociata. Vamos lá, as mulheres gostam ou não gostam?”, questionou o presidente. A conversa foi transmitida pelo canal Notícias do Brasil, no YouTube.
Então, as apoiadoras mulheres respondem que “gostam” das motociatas.
Aparentemente surpreso com as respostas, o mandatário continua o raciocínio de cunho machista dando a entender que as mulheres não se interessam por motocicletas.
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“Não, mas se for fazer uma pesquisa, os homens gostam mais. [Apoiadores respondem que ‘sim’]. Isso não é uma manifestação machista, né, porque tem muita mulher também que está de moto lá [na motociata]. Mas é algo espontâneo que parece ser feito para aquele momento do aeroporto até o evento”, disse o presidente Jair Bolsonaro a apoiadores.
Apesar da declaração do presidente, dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) apontaram que o número de mulheres com habilitação de motocicletas aumentou 95,7% entre 2011 e 2020.
Armas
Na sequência, Bolsonaro continuou separando homens e mulheres em sua fala ao comentar sobre o uso de armamentos. Inclusive, é possível ouvir a voz de uma menina gritando “eu gosto de armas”.
“Daí fala, por exemplo, quem gosta mais de armas? Homens ou mulheres? Não é, a questão de armas, o que eu entendo na questão de armas? É a proteção da família. Tem mulher que não gosta de armas, mas quer que o marido, namorado ou pai tenha armas. Está certo. Eu tenho uma pessoa, vou falar da minha família, que falou o seguinte: ‘Eu prefiro levar um tiro do que atirar em alguém’. É o direito dela de pensar assim. Uma parente minha, uma mulher.”
Segundo o presidente, ele busca mostrar que “em uma necessidade, alguém pode salvar a sua vida” usando uma arma.
“Não é porque você não gosta, que você vai querer que outro não tenha. Sou homem, pô, não sou mulher. Tem diferença, mas a ideia minha, obviamente, é fazer um Brasil melhor”.
Em outro momento, o presidente comentou que não “quer a violência” com a liberação do porte de armas, mas sim “que evitar a violência” com a medida.
As declarações do mandatário ocorrem menos de uma semana após o guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu Marcelo Arruda ter sido morto a tiros no próprio aniversário, que tinha a temática do PT e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A vítima foi atingida por tiros disparados pelo policial penal federal bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho.
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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil