Bancada feminina se opõe à convocação de Marina e repudia senadores

Senadoras falam em violência política de gênero e prometem reagir a ataques misóginos contra a ministra no Senado.

Psicopata Marina

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 28/05/2025 às 13:20 | Atualizado em: 28/05/2025 às 14:24

Em nota, a bancada feminina no Senado se solidarizou com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e repudiou o que considerou por parte dos senadores ataques misóginos e sexistas dirigidos a ela no Senado em sessão neste dia 27 de maio.

A líder da bancada, senadora Leila Barros (PDT-DF), disse que, se depender das senadoras, haverá uma mobilização nacional para impedir que a ministra seja convocada para comparecer novamente à Comissão de Infraestrutura.

Por entender que foi desrespeitada no colegiado, a ministra abandonou a audiência na comissão nesta terça-feira.

Marina compareceu à reunião na condição de convidada. Os senadores agora querem convocá-la, o que a obrigaria a estar presente.

Além dos ataques, a bancada feminina diz que a ministra foi interrompida por diversas vezes e teve seu microfone cortado e impedida de exercer o seu direito de resposta a afirmações feitas a seu respeito.

“Houve uma clara violação do regimento interno do Senado, que assegura o direito à tréplica. Ficou evidente que, naquela sessão, a última palavra precisava ser de um homem. É inadmissível que um parlamentar diga a uma mulher que ela deve ‘se colocar no seu lugar’”, diz um trecho da nota.

A bancada considera que a frase é carregada de “machismo estrutural”.

“É mais do que um ataque pessoal, é uma tentativa explícita de silenciamento de mulheres que ocupam espaços de poder”.

Para a líder da bancada, o que aconteceu com a ministra foi vergonhoso.

“É violência política de gênero. Um péssimo exemplo de homens eleitos senadores para a sociedade. Lugar de mulher é onde ela quiser. Respeito é obrigação, dentro e fora do parlamento”, afirmou Leila.

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Bate-boca

A ministra se desentendeu com o presidente do colegiado, Marcos Rogério (PL-RN), por ele ter cortado sua fala quando respondia ao senador Omar Aziz (PSD) a respeito de vários questionamentos, como o asfaltamento da BR-319.

“Ponha-se no seu lugar”, disse o senador após ironizar a “educação” de Marina que exigia o direito de responder aos questionamentos.

“Essa é a educação da ministra Marina Silva”, disse Rogério.

“Eu tenho educação. Mas o que o senhor gostaria é que eu fosse uma mulher submissa e eu não sou”, respondeu Marina.

“Os questionamentos são respondidos, os comentários, não”, disse Rogério.

Ao ser chamado para questionar a ministra, o senador Plínio Valério (PSDB) disse:

“Ministra, que bom reencontrá-la. E ao olhar para a senhora, estou vendo uma ministra. Não estou falando com a mulher. Estou falando com a ministra”.

Mesmo com o microfone desligado, a ministra respondeu:

“Eu sou as duas coisas”.

Valério então retrucou:

“A mulher merece respeito, a ministra, não”.

A ministra cobrou um pedido de desculpa do senador ou ela se retiraria da sessão. Como não houve, a ministra deixou a reunião.

Antecedentes de Plínio Valério

Em março deste ano, o senador do Amazonas já havia dito que sentia vontade de “enforcar” a ministra.

O senador reagiu e disse que não se sustenta a narrativa do “sexismo” usada pela ministra Marina e seus apoiadores para “lacrar em cima de sua fuga” para não responder sobre os seus questionamentos do veto à BR-319.

“Querem me colocar no olho do furacão. Beleza, não vou mais me defender. Eu tinha prometido não me defender, porque eu não fui eleito senador para me defender, eu fui eleito senador para defender o Amazonas”, disse.

“Não tem defesa minha, não vou me defender e vou defender o Amazonas sempre. Quem quiser que lacre, quem quiser que me acuse. Ainda vão tolerar um ano e meio e, se for pela vontade de Deus, por mais oito anos”, disse Valério.

Fotomontagem: BNC Amazonas