Bancada do Amazonas se divide na convocação de Paulo Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, será obrigado a explicar na Câmara dos Deputados a sua participação em empresa offshore mantida em paraíso fiscal. Os deputados aprovaram a convocação por 310 votos a favor e 142 contrários.

Metade da bancada do Amazonas na Casa se opôs a convocação do ministro. Bosco Saraiva (Solidariedade), Capitão Alberto Neto (Republicanos), Delegado Pablo (PSL) e Silas Câmara (Republicanos) foram contra.

Votaram a favor da convocação os deputados Átila Lins (Progressistas), José Ricardo (PT) e Sidney Leite (PSD). Por presidir a sessão, Marcelo Ramos (PL) não votou.

Veja a lista da votação

Ramos, que é vice-presidente da Câmara, apontou problemas éticos no caso e ainda incoerência no discurso do ministro.

“Quer dizer que o ministro que ataca todos os incentivos fiscais da indústria brasileira e, em especial a ZFM (Zona Franca de Manaus), tem offshore em paraíso fiscal para não pagar imposto no Brasil? Não é só uma questão legal, é uma questão ética e de coerência com o discurso”, avaliou.

“O parlamento brasileiro tem o direito e o dever de cobrar explicações do ministro da Economia (…) Nós queremos saber por que ele mantém os recursos pessoais em moeda estrangeira, em dólar, enquanto a economia do País afunda”, disse o líder da oposição na Casa, Alessandro Molon (PSB-RJ).

O caso

De acordo com a reportagem da revista Piauí, Paulo Guedes manteve aberta uma empresa nas Ilhas Virgens Britânica, mesmo após assumir o cargo de ministro, o que contraria o Código de Conduta da Alta Administração Federal.

A publicação revelou ainda que o presidente do Banco Central (BC), Paulo Campos Neto, é dono da Cor Asstes S.A no Panamá, outro paraíso fiscal.

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Guedes se explica sobre offshore no plenário da Câmara como convocado

As informações sobre a offshore de Guedes foram obtidas pelo projeto Pandora Papers, do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), cujos parceiros no Brasil são a revista Piauí e o site Poder360.

Duas comissões da Câmara já haviam aprovado a convocação de Guedes: do Trabalho, Administração e Serviço Público; e de Fiscalização Financeira e Controle.

Foto: Marcos Corrêa/PR