Aziz é único senador do Amazonas a apoiar CPI do assédio eleitoral
A proposta tem o aval do presidente do Senado, que se comprometeu a ler em plenário o requerimento de instalação

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 26/10/2022 às 12:31 | Atualizado em: 27/10/2022 às 14:42
Com aval do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), os senadores da oposição vão instalar, após a eleição presidencial, a CPI do assédio eleitoral. Os trabalhos da comissão serão apurar denúncias de que empresário e agentes públicos estão ameaçando trabalhadores com a perda do emprego caso não votem no candidato à reeleição a presidente Jair Bolsonaro (PL).
O presidente do Senado deu apoio ao colegiado e cogitou ler em breve o requerimento com pedido de instalação.
O senador Omar Aziz (PSD) foi o único do Amazonas a assinar o documento que pede a instalação do colegiado. Reeleito, Aziz teve apoio do candidato a presidente Lula da Silva (PT) na sua campanha.
Nesta legislatura, o parlamentar presidiu a CPI da covid quando se tornou um crítico do governo Bolsonaro pela falta de ações durante a pandemia da doença.
Eduardo Braga (MDB), candidato ao governo do estado, e Plínio Valério (PSDB) não assinaram o documento.
O senador mineiro Alexandre Silveira (PSD), autor da proposta, informou que o requerimento para instalação já tem 28 assinaturas, uma a mais do que o necessário.
“O objetivo da CPI é apurar denúncias de assédio eleitoral por parte de empresários, gerentes de empresas e até mesmo de prefeitos municipais que ameaçam trabalhadores e trabalhadoras, exigindo ou induzindo a que votem no presidente Jair Bolsonaro, ou ainda oferecendo prêmios ou recompensas para quem assim o fizer”.
Silveira disse ainda que o assédio configura, em tese, a prática de crimes previstos no Código Eleitoral (Lei 4.737, de 1965).
Leia mais
Por ameaçar demitir se Lula vencer, empresa pode levar pesada multa
Reduto de Bolsonaro, Sul tem mais pressão da empresa sobre funcionários
Denúncias
O Ministério Público do Trabalho (MPT) contabilizou 1.135 denúncias até esta terça-feira (25), cerca de nove vezes maior que o número de casos registrados em 2018.
De acordo com o autor, “este nefasto fenômeno se espalha por todo o país, revelando uma prática antidemocrática e antirrepublicana por parte de empresários e agentes públicos”.
O líder da minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), afirmou que em alguns casos graves a organização dos métodos para praticar o assédio eleitoral parte do conluio entre políticos, gestores municipais e empresários médios e pequenos.
Na quinta-feira passada (20), em Natal, o prefeito da capital potiguar, Álvaro Dias (PSDB), convocou empresários da cidade para tratar de como convencer os funcionários a votar em Bolsonaro para a Presidência.
A reunião foi denunciada pelo portal Saiba Mais, que obteve gravações e fotos do encontro. A reunião aconteceu no horário de expediente e contou com a presença de integrantes do primeiro escalão da prefeitura.
O caso já foi denunciado ao Ministério Público do Trabalho local.
Em um dos áudios, o presidente da associação dos comerciantes do principal bairro de comércio de rua da cidade afirmou:
“A gente sabe que tem muito medo de ter um vídeo gravado por um colaborador do outro lado que é petista, mas a gente tem que ver uma forma de conversar com essas pessoas e tentar convencê-los”.
E emendou:
“Se um prefeito ou secretário municipal convoca empresários e comerciantes locais para combinar esse tipo de coisa, ele também prática coação, pois é quem tem poder de emitir os alvarás e demais licenças! Isso caracteriza um sistema integrado de assédio eleitoral, prática repugnante e inaceitável. Crime a ser investigado e punido exemplarmente”.
Para o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a CPI “propiciará a oportunidade de se convocar alguns autores emblemáticos desta pratica execrável, e até de se chegar aos mentores e líderes deste procedimento que joga contra a democracia e a liberdade do voto”.
Assinaturas já confirmadas:
1 – Alexandre Silveira (PSD-MG)
2- Jean-Paul Prates (PT-RN)
3 – Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
4 – Renan Calheiros (MDB-AL)
5 – Oriovisto Guimarães (Podemos-PR)
6 – Paulo Rocha (PT-PA)
7 – Leila Barros (PDT-DF)
8 – Dário Berger (PSB-SC)
9 – Carlos Fávaro (PSD-MT)
10 – Omar Aziz (PSD-AM)
11 – Humberto Costa (PT-PE)
12 – Kajuru (Podemos-GO)
13 – Rogério Carvalho (PT-SE)
14 – Jaques Wagner (PT-BA)
15 – Zenaide Maia (Pros-RN)
16 – Simone Tebet (MDB-MS)
17 – Fabiano Contarato (PT-ES)
18 – Alessandro Vieira (PSDB-SE)
19 – Álvaro Dias (Podemos-PR)
20 – Nilda Gondim (MDB-PB)
21 – Mara Gabrilli (PSDB-SP)
22 – Eliziane Gama (Cidadania-MA)
23 – Tasso Jereissati (PSDB-CE)
24 – Júlio Ventura (PDT-CE)
25 – Marcelo Castro (MDB-PI)
26 – Otto Alencar (PSD-BA)
27 – Veneziano Vital do Rego (MDB-PB)
28 – Jader Barbalho (MDB-PA)
Foto: Agência Senado