Aziz chama marqueteiro de Amazonino de canalha

Em entrevista ao G6, o senador mencionou Marcos Martinelli ao relembrar a eleição de 2017.

Neuton Corrêa , da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 29/04/2025 às 15:06 | Atualizado em: 29/04/2025 às 18:43

O senador Omar Aziz (PSD) chamou o marqueteiro Marcos Martinelli de canalha durante entrevista neste dia 29 ao G6, consórcio que reúne os sites BNC Amazonas, Amazonas Atual, Portal do Marcos Santos, Portal Único, Blog do Hiel Levy e Portal do Mário Adolfo.

Martinelli trabalhou em campanhas eleitorais para o falecido governador Amazonino Mendes.

“E esse tal de Martinelli, isso é um canalha. É um canalha. Sabe aqueles canalhas que vêm aqui para o estado do Amazonas?”.

Na sequência, Aziz reafirmou o que dissera, situando o contexto de sua fala.

“Um gaúcho canalha. Defino ele como um gaúcho canalha, porque em 2017 nós ganhamos a eleição para o Amazonino e o Amazonino tava muito debilitado. Escolhemos ele para ser nosso candidato e achou que foi o Martinelli que tinha ganhado a eleição”.

O desabafo foi para comentar uma questão levantada pelo jornalista Valmir Lima, do Amazonas Atual.

O jornalista revelou que os bastidores da política comentam que foi Aziz quem incentivou a candidatura do então desconhecido apresentador Wilson Lima, hoje governador reeleito.

“O Amazonino, ele, eu não digo que ele incentivou, não. Ele nunca tentou retirar o candidato [Wilson Lima], com medo do David [Almeida]. Não era de mim”.

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Memória

Em 2017, Amazonino se considerava um político fora de combate na política. Estava aposentado, vivia da memória dos seus mandatos de governador, prefeito de Manaus e senador da República.

Sua casa, antes cheia, era um vazio com poucos amigos leais que lhe restavam.

Àquela altura, vivia a solidão da falta de poder. Cinco anos antes, ele havia deixado a Prefeitura de Manaus, com grande desgaste. Tanto que nem se candidatou à reeleição em 2012.

Visão de Aziz

O único político que via potencial em Amazonino naquele tempo era Aziz.

Dessa forma, mirou o velho político assim que o atual senador Eduardo Braga (MDB) derrubou o então governador José Melo, no dia 4 de maio de 2017.

O TSE não só cassou Melo, mas determinou eleição suplementar imediatamente. E assim aconteceu.

David Almeida, então presidente da Assembleia Legislativa (ALE-AM), assume o governo tampão.

À sucessão de Melo, Aziz desaposenta Amazonino e o lança a governador.

O plano principal seria fazer uma concertação política. O plano de fundo, preparar a volta de Aziz ao governo.

A primeira parte do plano funcionou. Amazonino foi eleito. Derrotou Braga, algoz de Melo.

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Plano frustrado

Acontece que Amazonino se revigorou no poder. Dessa forma, não abriu mão do cargo e se candidatou a um mandato regular de quatro anos, em 2018. Aziz também se candidatou, mas foi derrotado.

Martinelli, que já havia trabalhado em outras campanhas no Amazonas, participa dessa história como figura importante e estratégica.

Ele cuidou do marketing do “amor” que elegeu Amazonino em 2017. Assim, chegou com força em 2018.

Por sua vez, Wilson Lima se elegeu e tirou da cena política os herdeiros da escola política de Gilberto Mestrinho, no poder há 40 anos.

O que diz Martinelli

“Tenho orgulho de ter conhecido e trabalhado para o Amazonino, o maior líder político da história do Amazonas, um homem comprometido com seu povo, preocupado em melhorar a vida dos cidadãos.

Era líder por saber tomar suas próprias decisões. Sem ele o Amazonas não teria a Zona Franca, UEA e toda a estrutura que tem.

O visitei em São Paulo poucos dias antes de morrer. Mesmo debilitado, se preocupava e sonhava com um Amazonas melhor.

O senador Omar critica Amazonino por achar que ele estava errado em atribuir alguma importância a mim pela vitória na eleição dele de 2017.

Quem sou eu para questionar?

Pena que Amazonino não esteja aqui para contar a sua história da eleição de 2018.

Recomendei ao Amazonino que não disputasse as últimas eleições, que cuidasse da própria saúde, aproveitasse a vida. Ele não aceitou os conselhos e concorreu.

Não o acompanhei, sabendo que era um desgaste que ele não poderia ter.

Já na eleição de 2018, Amazonino foi duramente atacado pelo senador Omar, em todos os programas que só se ocupavam de criticá-lo.

E, no segundo turno, Omar apoiou claramente Wilson Lima contra Amazonino.

O que não tenho dúvida é do imenso espírito público do Amazonino, nunca condenado pela Justiça depois de tantos mandatos, nunca trilhando maus caminhos, nunca aceitando negociatas e chantagens de políticos, nunca gastando dinheiro do povo em obras faraônicas ou desviando recursos públicos para programas de governo de fachada.

Saudade do tempo do Negão, do seu sorriso, da sua inteligência, do respeito às pessoas e até dos adversários.

Nem todos aprenderam com ele”.

(manifestação adicionada à matéria às 15h57).

Foto: reprodução/YouTube