Arthur diz que se ofereceu para ajudar “minorar” crise nos presídios

Publicado em: 03/01/2017 às 07:29 | Atualizado em: 03/01/2017 às 07:29

O prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB),  que até agora não publicou um ato oficial de impacto da nova gestão, fez um post em sua página no Facebook dizendo que no início da crise no sistema prisional que resultou na morte de ao menos 60 pessoas se ofereceu para ajudar a resolver o problema “com qualquer tarefa”.

“Logo no início da crise, contatei o Secretário se Segurança do Amazonas, delegado Sergio Fontes e me coloquei a sua disposição no que pudesse fazer para minorar a dramática situação. Disse-lhe de minha relação de amizade pessoal com o ministro Alexandre Moraes e me ofereci para qualquer tarefa em que, porventura, pudesse ser útil”.

No texto, ele aconselha o governador José Melo (Pros), seu desafeto político, a pedir imediatamente a presença da Força Nacional de Segurança.

“A Força Nacional deve ser requisitada já, porque o PCC perdeu cerca de 60 dos seus criminosos, pela ação criminosa dos criminosos da FDN. A possibilidade de retaliação existe de fato e, além dela, facínoras fora do presídio ameaçam a segurança dos habitantes honrados da cidade que governo”.

 

Leia abaixo o texto, na íntegra.

 

“A tragédia que se abateu sobre Manaus abalou o país e chocou o mundo, expondo as vísceras do nosso sistema prisional, que são semelhantes às vísceras do sistema prisional brasileiro. A rivalidade entre duas organizações criminosas, a Família do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC/SP) levou a uma chacina no principal presídio de Manaus, tornando aberta uma guerra que se mantinha velada, apesar de sangrenta e suja.

Considero correta a atitude do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que prontamente veio a Manaus para visitar o problema e debater com o governador do estado medidas a serem adotadas daqui para frente. Logo no início da crise, contatei o Secretário se Segurança do Amazonas, delegado Sergio Fontes e me coloquei a sua disposição no que pudesse fazer para minorar a dramática situação. Disse-lhe de minha relação de amizade pessoal com o ministro Alexandre Moraes e me ofereci para qualquer tarefa em que, porventura, pudesse ser útil.

Mas a chacina foi a mais bárbara, a mais selvagem, a mais brutal, desde o tristemente célebre episódio do Carandiru. Decapitações, corpos carbonizados, agressões absurdas a cabeças e corpos já sem vida, tudo isso exibiu a face acima de grave da segurança em nosso estado. E o fez para os estarrecidos olhos dos amazonenses e foi manchete ampla no noticiário nacional e internacional.

A Força Nacional deve ser solicitada pelo governador José Melo imediatamente. Centenas de facínoras estão à solta, nas ruas de Manaus, seja porque não retornaram dos festejos de fim de ano os que receberam esse direito, seja porque outro tanto se evadiu durante a confusão estabelecida pela carnificina.

A Força Nacional deve ser requisitada já, porque o PCC perdeu cerca de 60 dos seus criminosos, pela ação criminosa dos criminosos da FDN. A possibilidade de retaliação existe de fato e, além dela, facínoras fora do presídio ameaçam a segurança dos habitantes honrados da cidade que governo.

A disputa mesquinha e perversa pelo controle do tráfico de drogas autorizava que definíssemos como anunciada a tragédia que desfaz nossa imagem de povo hospitaleiro e amigável perante turistas de todo o planeta. Lamentavelmente, anos e anos em que nos empenhamos para divulgar Manaus como destino turístico seguro, fascinante e singular, são jogados na lama por um fato que nada tem a ver com nossa alma pacífica e ordeira. Ao contrário, nosso povo é vítima da insegurança pública que a falta de liderança não sabe banir. Manaus, definitivamente, não merece ser palco desse barbárie que mostrou seres humanos que perderam definitivamente essa condição. Manaus merece paz e proteção.

Temos uma Polícia Civil e uma Polícia militar eficazes. Tem faltado, isto sim, vontade política coordenar essas forças e derrotar as organizações criminosas que se organizam e proliferam dentro e fora das grades.

Manaus não pertence a nenhuma organização mafiosa. Pertence às pessoas de bem que a habitam e lutam honrada e valorosamente por ela.

Os comandantes dessas facções que ainda se encontram na cidade devem capturados e enviados para presídios de segurança máxima distantes do Amazonas. A luta tem de ser sem tréguas contra a selvageria e a impunidade.

A revolta, o sentimento cristão e a vergonha me tiram o sono. A intranquilidade dos manauaras me intranquiliza. A angústia de todos nós me sufoca e mobiliza”.

 

Foto: BNC