Aneel diz que irmãos Batistas não podem assumir Amazonas Energia

Segundo o estudo, caso a proposta avance, “os consumidores brasileiros vão arcar com um custo de R$ 15,8 bilhões na conta de luz”

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília

Publicado em: 29/08/2024 às 20:57 | Atualizado em: 03/09/2024 às 11:38

A empresa Âmbar, do grupo J&F, pertencente aos irmãos Joesley e Wesley Batista, não possui capacidade técnica para assumir a Amazonas Energia na distribuição no estado.

É o que conclui um relatório da área técnica da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

De acordo com o estudo, revelado nesta quinta-feira (29) pelo Estadão, caso essa única proposta feita para a compra da empresa seja aceita, “os consumidores brasileiros vão arcar com um custo de R$ 15,8 bilhões na conta de luz para manter a operação, sendo que o ideal seria R$ 8 bilhões”.

“O parecer recomenda que seja aberta uma consulta pública antes de uma decisão final. O processo deverá ser julgado pela diretoria da Aneel na semana que vem”.

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Nesta quarta-feira (28), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (foto), disse que a venda da Amazonas Energia é a melhor alternativa para solucionar o problema da concessão de energia elétrica no estado.

A intervenção na empresa ou caducidade (extinção) do contrato seriam, de acordo com o ministro, as outras formas, mas com custos maiores.

“A melhor solução, ao nosso ver, é a passagem de controle. Caso não haja, nós vamos estudar intervenção, vamos estudar caducidade –que nunca foi feito no Brasil. Mas aí já tem ônus para o caixa da União. Essas duas, a conta vai cair no colo da viúva, que é o governo e o consumidor”.

Em audiência na Câmara dos Deputados, Silveira disse que há um boicote por parte das agências reguladoras ao governo do presidente Lula da Silva.

“Há, inclusive, um boicote ao governo, porque a maioria das agências reguladoras que estão aí foi escolhida pelo governo anterior”.

O ministro se referiu aos 25 diretores nomeados por Jair Bolsonaro antes de deixar o poder.

Ele já havia reclamado da Aneel e pedia respeito aos prazos estabelecidos na medida provisória (MP 1.232) para que a distribuidora Amazonas Energia pudesse ter o controle acionário transferido.

“Vamos ver se a Aneel, sem interesse político, mas com interesse público, cumpre com os prazos da medida provisória para que não tenhamos um colapso do setor elétrico lá no Amazonas, o que é uma preocupação minha”, disse o ministro na ocasião.

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil