Aneel vai contestar mais prazo para J&F assumir Amazonas Energia
A decisão judicial prorrogou o prazo para a J&F assumir a Amazonas Energia. Custos e entraves financeiros atrasam o processo, afetando consumidores e o setor elétrico.

Diamantino Junior
Publicado em: 19/12/2024 às 18:58 | Atualizado em: 19/12/2024 às 19:00
A decisão judicial recente de prorrogar o prazo para a empresa Âmbar Energia, do grupo J&F, assumir o controle da Amazonas Energia trouxe novos desdobramentos no processo de privatização da distribuidora. A seguir, explicamos os pontos principais do caso de forma clara:
O que aconteceu?
Decisão judicial: a juíza Jaiza Fraxe prorrogou por mais 60 dias o prazo para a J&F assumir o controle da Amazonas Energia. O prazo original terminava em 31 de dezembro.
Resposta da Aneel: Sandoval Feitosa, diretor-geral da Aneel, afirmou que a agência vai cumprir a decisão judicial, mas pretende recorrer dela.
Por que a transferência está atrasada?
A Amazonas Energia afirma que não recebeu os pagamentos previstos em uma medida provisória (MP) do governo federal, dificultando a conclusão do processo.
A Aneel, por sua vez, diz desconhecer as razões detalhadas para o atraso, mas reconhece as dificuldades envolvidas, já que a distribuidora é financeiramente deficitária e administrativamente complexa.
Medida provisória e condições para a J&F
O que dizia a MP: Publicada pelo governo, a medida trouxe flexibilizações que tornaram o negócio mais atrativo, permitindo transferir alguns custos para a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que é paga pelos consumidores. Esses custos incluem:
furtos de energia (frequentes no Amazonas).
custos de sobrecontratação involuntária (quando há mais energia contratada do que consumida).
outras despesas, como contas de consumidores inadimplentes.
Problema com a MP: Ela perdeu validade em outubro por não ter sido aprovada pelo Congresso, o que retirou as condições mais vantajosas para o fechamento do contrato.
Impactos no consumidor
Caso a transferência seja concluída, parte dos custos da distribuidora, incluindo contratos de termelétricas, será repassada aos consumidores. As termelétricas, antes contratadas diretamente pela Amazonas Energia, passarão a ser bancadas pela CCC, reduzindo os riscos financeiros para a distribuidora.
O que está em jogo?
Para a J&F: A prorrogação dá mais tempo para resolver questões pendentes, como pagamentos e ajustes contratuais.
Para os consumidores: Há preocupações sobre o impacto dos custos adicionais na conta de luz, especialmente na região Norte, onde a inadimplência e os furtos de energia são elevados.
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Para a Aneel: A agência busca resolver o impasse, mas enfrenta desafios para garantir que a transferência ocorra de forma eficiente e justa.
Esse processo evidencia a complexidade da privatização em setores estratégicos como o de energia, onde as decisões impactam tanto empresas quanto milhões de consumidores.
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