O Partido da Imprensa Golpista segue conspirando

A imprensa brasileira, salvo raríssimas exceções, se presta ao papel de “capitão do mato” de uma burguesia cujo pensamento ainda é escravocrata

Imprensa Golpista artigo Aldenor Ferreira Arte Gilmal

Neuton Correa, Aldenor Ferreira*

Publicado em: 06/05/2023 às 04:00 | Atualizado em: 04/05/2023 às 18:52

A imprensa brasileira, no geral, segue sendo a porta-voz dos interesses da alta burguesia nacional. Seu comportamento é leviano, mesquinho, classista, sem qualquer compromisso com a verdade e com o povo ao qual ela deveria informar. 

A cobertura jornalística dos primeiros meses do governo Lula deixa claro que a imprensa hegemônica, cuja filosofia e linha editorial são marcadas pelo golpismo, “não quer dinheiro nem amor sincero”, parafraseando, aqui, um verso de uma música do inesquecível Tim Maia. Mas, afinal, o que a imprensa quer?

No Brasil, assim como os militares, a imprensa também tem um “Partido”, chama-se PIG – Partido da Imprensa Golpista. Um partido que sempre defende as pautas da elite e da alta burguesia nacional, ficando sempre contra os reais interesses do povo.

É importante trazermos à memória do(a) leitor(a) que a imprensa burguesa, hegemônica, liderada por grandes jornais como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, Valor Econômico, Correio Brasiliense, TV Globo, Bandeirantes, SBT, Record, Rede TV, Rádio CBN, Jovem Pan e outros, desde 2013, satanizam cotidianamente a política brasileira, fundamentalmente, os partidos e políticos de esquerda. 

É importante lembrar, ainda, que todos estes veículos de comunicação citados foram defensores caninos da Operação Lava Jato e da performance do ex-juiz Sergio Moro, bem como dos procuradores do Ministério Público Federal (MPF). 

Contudo, mesmo depois que toda a farsa dessa operação veio à tona, com a suspeição de Moro determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), eles não mudaram. Não recuaram nem reconheceram erro algum. Essa tropa toda foi responsável pela eleição de Jair Bolsonaro em 2018. Como dito, primeiramente satanizando a política e, posteriormente, dando voz e vez ao genocida. 

A imprensa brasileira deve ser um caso único no mundo. A sua predileção pelos donos da Casa Grande e seu ódio por tudo aquilo que remete ao povo, assim como suas pautas e reivindicações, são declarados, sem a menor preocupação de esquematizar algum disfarce. 

A imprensa também age de maneira desleal e injusta. Ela não foi perseguida por governo algum desde a redemocratização. Também não sofreu revés nenhum em termos de verbas publicitárias repassadas pelos governos, nem mesmo no de Jair Bolsonaro. Aliás, com este último a paciência foi enorme, curiosamente, não vemos esse mesmo comportamento se repetir com o governo Lula que tem apenas quatro meses.

A imprensa brasileira, salvo raríssimas exceções, se presta ao papel de “capitão do mato” de uma burguesia cujo pensamento ainda é escravocrata. Ela utiliza pesos e medidas diferentes no tratamento das informações relacionadas às ações do governo Lula e às do governo Bolsonaro. Sem disfarce, age de maneira tendenciosa e sensacionalista, sempre boicotando tudo que possa verdadeiramente servir aos interesses do povo.

Certamente, entendo que comunicação social e jornalismo são negócios e, como tal, precisam prosperar, afinal, nenhum jornal, site ou TV sobrevive se não der lucro. Há também os interesses, as aspirações, as motivações e os desejos. Com efeito, não precisam agir com tanto mau-caratismo como agem. À guisa de exemplo, a matéria do Estadão sobre os primeiros cem dias do governo Bolsonaro em 2018 e os primeiros cem dias do governo Lula em 2022 é flagrantemente desonesta e tendenciosa. 

O mau-caratismo da imprensa golpista se revela, ainda, em termos de cobranças e comparações entre o governo passado e o atual. De forma cínica, ela esconde que foi copartícipe da desestruturação do Estado brasileiro nos últimos seis anos. Agora exige uma resolução mágica dos problemas nacionais que ela mesma ajudou a criar quando apoiou abertamente o golpe jurídico-político de 2016. 

O curioso é que se Bolsonaro tivesse sido reeleito, alguns jornais, sites ou mesmo TVs, muito provavelmente seriam fechados. Ainda assim, mesmo experimentando e vivenciando a era de um governo autoritário, em contraponto a um governo democrático, que respeita a imprensa, o espírito de “capitão do mato” da imprensa nacional não desaparece. 

Para piorar o que já estava ruim, nestes últimos anos alguns veículos passaram a “esquentar” fake news, dando às notícias falsas um tom de notícia jornalística séria. O caso do cancelamento de investimentos no Brasil por parte da companhia aeronáutica ucraniana Antonov, noticiado pela CNN, é vergonhoso. Uma notícia falsa que levou o próprio canal a se desculpar com o governo federal. 

Temos no Brasil, portanto, uma imprensa que está a serviço dos interesses da alta burguesia e contra o povo. Todavia, a classe à qual ela serve caninamente é contrária aos interesses nacionais. É traidora da pátria, entreguista, obtusa, odeia o próprio país e as suas manifestações culturais.

A conclusão que chego é que o PIG, que nunca parou de atuar, está novamente lançando sua ofensiva contra o recente governo Lula. E a única explicação para tal comportamento é a vassalagem. Diferentemente do governo anterior, que humilhava jornalistas, principalmente as mulheres, o atual governo é democrático, transparente, não cerceia a liberdade de imprensa nem a persegue. 

Neste sentido, não resta dúvida de que precisamos, democraticamente e sob a tutela da lei, enfrentar o Partido da Imprensa Golpista, colocando-o no seu devido lugar. Não se pode admitir que determinado segmento ou instituição, seja qual for, conspire contra a democracia e contra um governo legitimamente eleito, pois nesta trama o maior prejudicado é o povo brasileiro. 

Sociólogo