O novo xadrez da política internacional e o protagonismo da China

A China, por sua vez, vem crescendo sua influência comercial no mundo há algumas décadas, tanto na procura como na oferta

Mariane Veiga, por Lúcio Carril

Publicado em: 28/03/2022 às 10:17 | Atualizado em: 28/03/2022 às 10:17

Estamos vivendo o fato histórico mais importante dos últimos 500 anos: o deslocamento do protagonismo econômico do ocidente para o oriente.

Os Estados Unidos lutam para adiar essa mudança, criando o atual conflito Rússia/Ucrânia, mas é um caminho sem mudança de rota.

O enfrentamento da Rússia ao Império americano e aos seus aliados europeus às sanções econômicas pode representar uma dura derrota aos Estados Unidos. Os impactos das sanções serão maiores para a Europa do que para a Rússia, isoladamente.

Na questão do gás, os EUA só conseguirão atender 3% da demanda europeia e não têm como aumentar sua produção em curto ou médio prazo.
A compra do gás em moeda russa, o rubro, vai causar o enfraquecimento do dólar e um consequente aumento da inflação em muitos países.

A Rússia está redirecionando toda sua indústria nacional, para enfrentar as sanções, o que também pode impactar a economia mundial com a diminuição de suas exportações.

Enfim, as peças estão sendo mexidas no grande xadrez da geopolítica mundial.
Uma nova globalização começa a ganhar forma com o protagonismo chinês.

Os próximos 20, 30 anos serão de muitas mudanças nas relações internacionais. Nada que indique uma nova ordem na direção de mudanças estruturais, mas uma coisa é certa: os Estados Unidos e seus ordenanças europeus não dominarão mais de forma absoluta.

Uma nova Guerra Fria? Tudo indica que sim. Os EUA continuarão com muito poder e farão de tudo para impedir a ascensão da China.

A China, por sua vez, vem crescendo sua influência comercial no mundo há algumas décadas, tanto na procura como na oferta. E tudo tende a aumentar.

A presença chinesa em todos os continentes é uma realidade inexorável e necessária para a economia de muitos países. O Brasil que o diga.

Em 2021, o comércio entre os dois países, só nos primeiros três trimestres, gerou em torno de 125 bilhões de dólares, com impulso de mais de 36% nas importações do setor agrícola.

A China já responde por 65% do superávit brasileiro. Mas enquanto exportamos produtos primários (soja, ferro, petróleo, etc) a China invade o mundo com bens industrializados.

O mundo segue em movimento e novos atores entraram em cena.

Foto: Jason Lee/Reuters