Nova Olinda do Norte rende homenagem no futebol a Ivanoel Nogueira
Campo do Castanheiras Solitárias, da época do petróleo no município, agora reconhece dedicação de Ivanoel Nogueira ao futebol e à juventude nova-olindense

Aguinaldo Rodrigues, por Aguinaldo Rodrigues*
Publicado em: 12/09/2021 às 16:00 | Atualizado em: 12/09/2021 às 16:13
Em um reconhecimento histórico, a cidade de Nova Olinda do Norte dá ao antigo campo Castanheiras Solitárias o nome de Ivanoel Nogueira. Mas, vamos contar essa história de trás pra frente.
Os ventos do progresso que sopraram com a descoberta de petróleo nos últimos anos 50 levaram Ivanoel Nogueira e sua eterna companheira Gerarda ao encontro com o destino nas margens do rio Madeira. Corria a década de 60 e o povoado de Nova Olinda do Norte dava os primeiros passos a partir da base da Petrobrás, uma minicidade criada para abrigar toda a estrutura de pessoal para exploração do ouro negro que jorrava abundantemente naquela paragem.
Seu Ivanoel, com o vigor de um quarentão criado com a fartura da vida ribeirinha, aproveitou o legado da paixão pelo futebol dos operários da Petrobrás para incentivar o desenvolvimento do esporte.
Vários times surgiram e logo surgiu uma liga local. Dentre eles, Ivanoel fez do azulino Juventus Atlético Clube sua paixão e ponte para usar o futebol muito além do simples lazer.
Entre os anos 70 e 80, a prática do jogo, ao mesmo tempo em que revelava muitos talentos, também propiciava que muitos jovens encontrassem um rumo na vida.
E o Castanheiras Solitárias era o palco a testemunhar toda essa dedicação de Ivanoel, e outros, ao futebol. A ponto de a beirada do campo nas tardes de domingo se tornar local obrigatório do encontro não só de homens, mas de muitas famílias nova-olindenses,
Além da torcida do Juventus, estavam lá as de outros times, como Manutenção, Santa Luzia. E a do Municipal, o eterno rival que Ivanoel tinha mais prazer em enfrentar.
E foram muitas as disputas acirradas. Dizem que o Juventus venceu mais… é uma história que contaremos em outra oportunidade.
Nos anos 70, com os tradicionais clubes do Amazonas em alta, o Castanheiras Solitárias recebeu o forte esquadrão do Fast Clube para uma partida contra selecionado da cidade.
Esse foi um dos grandes fatos marcantes da existência do campo criado no início dos anos 60, em clareira aberta em meio a castanheiras nativas. Foi para Nova Olinda como a partida memorável Fast x Cosmos de Nova York, em Manaus, nos anos 80.
Outros fatos relevantes contados pelos moradores são o campo ter tido, por conta da presença da Petrobrás, das primeiras traves de ferro do Brasil. A maioria, país afora, era de madeira; e o gol por cobertura feito pelo atacante Queiroz, do Municipal, do meio-de-campo, no goleiro Zé Mário, do Penarol de Itacoatiara. “É aquele gol que nem Pelé fez”, costumam dizer os boleiros.


Legado aos nova-olindenses
Seu Ivanoel viveu e cooperou para tudo isso. Como vereador da cidade por dois mandatos (1975-1982) e, mesmo sem remuneração, tirava do próprio bolso uma forma de acolher e até alimentar muitos dos jovens da cidade.
E assim, além de ajudar na sobrevivência, e talvez até sem perceber, ele fomentou laços de amizade e companheirismo que existem até hoje entre os filhos de Nova Olinda do Norte.

Justo reconhecimento
Aos 75 anos, seu Ivanoel faleceu em 1999. Nove anos depois, em um ato de justiça e reconhecimento por tudo que ele fez pelo futebol e pela cidade, Nova Olinda do Norte, por meio de seus vereadores, deu o nome de Ivanoel Nogueira à praça que tanto testemunhou sua dedicação e amor ao esporte.
A proposta foi do então vereador e professor Manoel Joaquim Ferreira, que hoje ainda vive na cidade e é memória dos feitos do homenageado.
Neste 11 de setembro, a prefeitura entregou o campo reformado, batizado como estádio Ivanoel Nogueira. Seus filhos Gessivaldo, Nica, Kid, Sônia, Zenilda, além de netos e bisnetos, prestigiaram a reinauguração histórica, quase todos presencialmente.
Hoje, por ironia do destino e falta de interesse, visão e boa vontade dos gestores públicos destes tempos, o futebol não mais cumpre papel de relevância na vida da cidade. Não há nenhum plano, muito menos política pública, para usar o esporte, seja em que modalidade for, para primeiramente dar uma oportunidade à juventude, e depois fazer de Nova Olinda do Norte um destaque ao menos estadual.
O que existe hoje _ quando a cidade ganha um espaço público dos sonhos de seu Ivanoel, mas que já não há mais futebol _, é o esforço individual de pessoas que amam a prática de esporte como importante para a saúde e qualidade de vida.
*Nova-olindense


