Tráfico escancara insegurança em Manaus e faz ‘justiça’ no ‘olho por olho’
Facções impõem regras, aplicam punições e desafiam Estado com justiça paralela nas periferias.

Adrissia Pinheiro, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 29/05/2025 às 09:58 | Atualizado em: 29/05/2025 às 10:12
O morador da periferia de Manaus, metrópole com mais de 2,3 milhões de habitantes, dos quais pelo menos a metade na pobreza, já há muito tempo convive com a violência e criminalidade decorrentes, sobretudo, do espraiamento do tráfico de drogas e da disputa das facções criminosas que mandam em tudo que é lugar deste país.
Nesta semana, no bairro planejado Viver Melhor, na zona norte da capital, os traficantes chefões da região fizeram questão de dar um recado para os sistemas judiciário e de segurança pública de que podem ser mais eficientes na garantia de sensação de segurança da comunidade.
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“Aqui no Viver Melhor ninguém rouba morador. Pode ir para o balneário, passear na praça, sem medo de ficar sem o celular. Se roubar, o ladrão vai devolver na boca e pegar sua merenda”, revela morador.
Essa realidade não é exclusividade do Viver Melhor. Igual relato fez ao BNC Amazonas moradora do beco da Raquel, no Petrópolis, no outro extremo da cidade.
Seu celular roubado foi logo recuperado dentro da comunidade. O desavisado assaltante sofreu a penalidade de praxe para a ocorrência, só não se sabe se na dosimetria adequada.
São nítidos esses sinais da “justiça paralela”, retratados nos julgamentos do “tribunal do crime”, nos avisos nos muros da periferia de baixar o vidro do carro, a luz.
Só não vê quem não quer. Ou finge.
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Foto: reprodução/vídeo