Tabatinga ganha primeiro centro do país contra drogas entre indígenas
O Cais Povos Indígenas é iniciativa do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 06/05/2025 às 12:57 | Atualizado em: 06/05/2025 às 12:57
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) criou em Tabatinga, distante 1.108 quilômetros de Manaus, o primeiro centro do Brasil para combater o alcoolismo e o uso de outras drogas em terras indígenas.
O Centro de Acesso a Direitos e Inclusão Social (Cais) Povos Indígenas, que funcionará em um espaço na prefeitura do município, é uma iniciativa do governo federal por meio do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A Funai disse que o Cais foi criado no município amazonense por causa da “vulnerabilidade ampliada decorrente da presença do crime organizado, que tem essa rota como estratégica para o narcotráfico na fronteira amazônica”.
O centro vai funcionar sob a coordenação da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad) da pasta da Justiça.
As políticas de proteção aos povos indígenas serão articuladas com os sistemas únicos de Saúde (SUS), de Assistência Social (Suas) e de Segurança Pública (Susp), além de escritórios sociais e órgãos responsáveis pelas políticas indigenistas.
“Não seria possível realizar esse trabalho, com essa qualidade, sem a rede de apoio que temos hoje, construída com o suporte do poder municipal, das universidades e das lideranças indígenas”, disse a titular da Senad, Marta Machado.
Para ela, existe a possibilidade de ampliação dessa ação.
“Desejo que esse trabalho conjunto siga se fortalecendo para que o Cais seja uma política pública verdadeiramente integrada ao contexto da população de Tabatinga e desta região amazônica”.
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Diálogo
A Funai diz também que o Cais surgiu após a realização de consulta aos setores envolvidos.
“Em fevereiro deste ano, dirigentes da sede da instituição em Brasília estiveram em Tabatinga para ouvir os povos indígenas e articular medidas com outras instituições para o atendimento de suas demandas. Entre as reivindicações estavam ações de segurança pública”, diz nota do órgão.
Na ocasião, a Funai defendeu a construção de redes interinstitucionais para a implementação e fortalecimento de políticas públicas voltadas aos povos indígenas com foco na segurança pública e na promoção de direitos sociais, entre outros pontos.
“Isso porque, a Constituição federal de 1988 ampliou a responsabilidade da execução da política indigenista para os municípios, os estados, o Distrito Federal e demais órgãos da União”, disse Marta.
Foto: divulgação/Funai