Ticunas de Tabatinga correm perigo por causa do fenômeno terras caídas
Comunidade Ticuna em Tabatinga sofre risco de deslizamentos por erosão fluvial.

Iram Alfaia, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 02/07/2025 às 20:01 | Atualizado em: 02/07/2025 às 20:05
Uma das localidades mais populosas (8 mil pessoas) da Terra Indígena Ticuna, a comunidade de Umariaçu está ameaçada pelo fenômeno natural chamado terras caídas, que consiste no desmoronamento dos barrancos por causa da erosão fluvial.
Os indígenas da comunidade, localizada à margem esquerda do rio Solimões, dentro da cidade de Tabatinga (AM), vivem sob risco de terem suas casas de madeira engolidas pelo barranco ou perderem suas vidas durante uma forte chuva.
O alerta é da InfoAmazonia que fez um levantamento a partir de informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do mapeamento do Serviço Geológico do Brasil (SGB) sobre as áreas de risco a eventos hidrogeológicos.
“Tabatinga contraria a média da Amazônia: lá, 65% da população em risco é indígena, enquanto na região amazônica o índice é de apenas 0,6%”, diz reportagem do Instituto.
De acordo com SGB, a comunidade Umariaçu é um dos lugares com mais áreas de risco de Tabatinga.
“O perfil da vulnerabilidade a eventos climáticos em Tabatinga está relacionado à forte concentração populacional indígena, pressão urbana crescente e uma localização geológica frágil, marcada pela combinação de solos instáveis, presença de igarapés e erosões”, explica o InfoAmazonia.
“Eu não durmo quando cai a chuva, todo ano perco um pouco da terra. Durante esse tempo, perdemos cerca de 100 metros do barranco. Agora, com a cheia deste ano, a água subiu mais do que eu esperava. A gente não sabe mais o que fazer”, diz um morador que se identificou apenas como Alessandro. Ele é agricultor e pescador.
Alto risco
De acordo com o Instituto, o local fica em uma área de 1,8 quilômetro mapeada há nove anos pelo SGB.
Os pesquisadores identificam terrenos com encostas e barrancos e, em seguida, analisam a possibilidade de ocorrência de eventos climáticos.
“O risco é classificado como alto — em áreas com barrancos e morros, onde existem casas que podem ser atingidas — ou muito alto — onde já ocorreram deslizamentos e rachaduras nos terrenos e há presença de habitações”, adverte.