Submarino com 3 t de cocaína passou pelo Amazonas rumo à Europa
Narcosubmarino foi construído na Amazônia para cruzar o oceano Atlântico depois de navegar pelo rio Amazonas

Mariane Veiga
Publicado em: 27/01/2022 às 12:56 | Atualizado em: 27/01/2022 às 17:21
O jornalista Javier Romero conta detalhes da jornada de três homens que transportaram 3 toneladas de cocaína por 27 dias em um submarino que passou pelo Amazonas rumo à Europa.
O pequeno e precário narcosubmarino artesanal feito de fibra de vidro, sem grandes dispositivos eletrônicos para navegação, foi construído em um estaleiro clandestino na Amazônia. A missão para pilotá-lo coube a um ex-velejador experiente chamado Agustín Álvarez.
O restante da tripulação era formado por dois primos equatorianos, também velejadores.
Confinados em um espaço minúsculo de apenas 1,5m², eles navegaram primeiro pelo rio Amazonas por 12 horas.
Não se descarta que algum navio os tenha conduzido, abrindo caminho para o narcossubmarino, impedindo que ele colidisse com algum dos milhares de troncos de todas as espessuras que flutuam na superfície do Amazonas até o oceano Atlântico.
Os três homens cruzaram o Atlântico entre outubro e novembro de 2019, percorrendo mais de 3.500 milhas náuticas (quase 6.500 km) entre Brasil e Europa.
O objetivo era levar uma carga de 3.068 quilos de cocaína para a Europa (avaliada em pelo menos R$ 760 milhões, segundo a cotação europeia).
Durante vários dias conseguiram enganar a polícia e os serviços de inteligência especializados no tráfico de drogas em vários países. Mas no final eles acabaram derrotados.
Apesar de o submarino não ter radar, sistema de identificação automática, radiofarol ou qualquer coisa do tipo, tudo estava indo muito bem.
No entanto, tempestades surgiram no trajeto, uma após a outra, e em franca deterioração, o submarino esteve prestes a afundar.
Por conta da precariedade, foi “incrível” o fato de os narcotraficantes chegarem vivos à Espanha, segundo a polícia.
Os 152 fardos de cocaína acabaram confiscados pelas forças de segurança junto com a embarcação.
Agora os narcotraficantes acabaram de ser julgados na Espanha. Os três se declararam culpados, mas nenhum quis colaborar com a Justiça por medo de retaliação.
Toda a trajetória deles foi resgatada no livro “Operação Maré Negra”, que conta detalhes de uma operação policial considerada histórica por ter apreendido o primeiro “narcossubmarino” a chegar à Europa vindo da América Latina.
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Foto: reprodução/vídeo