Prefeito do AM ‘se revolta’ com denúncia de indígena estuprada

Esse prefeito é da cidade de Santo Antônio do Içá e falou de sua “revolta" em áudio que mandou no WhatsApp

Prefeito do AM 'se revolta' com denúncia de indígena estuprada

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 30/07/2025 às 07:37 | Atualizado em: 30/07/2025 às 07:39

Walder Ribeiro da Costa, o Cecéu (MDB), prefeito de Santo Antônio do Içá, município do Alto Solimões, com 28 mil habitante, está sendo cancelado nas redes sociais. O cancelamento é por causa de uma declaração desastrosa.

Num áudio que mandou num grupo de WhatsApp, Cecéu saiu em defesa de policiais militares e um guarda municipal acusados de estuprar uma mulher indígena da etnia Kokama. A mensagem gerou forte indignação entre lideranças indígenas e entidades de direitos humanos.

O caso, que envolve uma vítima mantida sob custódia do Estado em condições degradantes por mais de nove meses, ganhou novos contornos após o chefe do Executivo municipal afirmar que os agentes são “pais de família” e questionar a veracidade da denúncia.

A indígena, de 29 anos, afirma ter sido vítima de estupros coletivos cometidos por quatro policiais militares e um guarda municipal dentro da delegacia de Santo Antônio do Içá, enquanto estava presa em uma cela improvisada e insalubre.

Os abusos teriam ocorrido entre julho e agosto de 2023, na presença de seu bebê recém-nascido. Um exame de corpo de delito realizado à época confirmou conjunção carnal e a presença de hematomas no corpo da mulher.

A denúncia resultou na prisão dos suspeitos neste mês, após o Ministério Público acionar a Justiça. A Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) e deve concluir o caso nos próximos dias. A identidade dos acusados não foi divulgada.

Em entrevista à imprensa local, o prefeito disse estar “revoltado” com o caso, não pelos fatos em si, mas pela prisão dos policiais. Ele afirmou não acreditar na versão da vítima, criticou o exame pericial e sugeriu que a denúncia foi impulsionada por interesses políticos. “Eu conheço os policiais, são pais de família. Não acredito que eles tenham feito isso. A mídia já julgou e condenou sem esperar a Justiça”, declarou.

As falas do prefeito foram recebidas com indignação pelo povo Kokama. O cacique-geral e patriarca da etnia, Edney da Cunha Samias, exigiu retratação pública imediata e anunciou que ingressará com representações junto ao Ministério Público Federal, Ministério Público do Estado do Amazonas e ao Ministério dos Direitos Humanos. Em nota, afirmou que as declarações do prefeito são “ofensivas, preconceituosas e atentam contra a dignidade do povo Kokama e da vítima”.

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Foto: divulgação