Pesquisadores da Ufam e Inpa querem jaraqui no defeso do Amazonas

O peixe mais consumido na Amazônia corre o risco de desaparecer dos rios em razão da sobrepesca.

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas*

Publicado em: 24/11/2023 às 09:52 | Atualizado em: 24/11/2023 às 09:53

Conforme divulgou a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), pesquisadores da instituição e do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) querem o jaraqui na lista do defeso.

O estudo foi realizado por Ingrid Nunes, Kelmer Passos (egressos da Ufam), Aline Ximenes (Inpa). Além dos professores do Instituto de Ciências Biológicas da Ufam (ICB/Ufam), Izeni Pires Farias e Tomas Hrbek, ambos do departamento de Genética do ICB.

Segundo eles, o jaraqui, peixe mais consumido na Amazônia, está perdendo rapidamente sua diversidade genética em razão da sobrepesca.

Desse modo, o estudo recomenda que o jaraqui, peixe popular na região Amazônica, entre na lista de defeso.

Ainda segundo a publicação, a espécie é responsável por 93% das capturas pesqueiras na Amazônia central, sendo o peixe mais consumido na região.

Como resultado, a pesca com redes de grande porte e pesca durante o período de reprodução tem causado reduções nos estoques naturais do peixe. 

Nesse sentido, a pesquisadora Ingrid Nunes afirmou que a demanda crescente tem levado a sobrepesca em várias regiões do Amazonas.

A nossa amostragem incluiu 11 pontos distribuídos ao longo da Amazônia, de Tabatinga (no Alto Solimões) até o município de Jacareacanga no Pará (Baixo Amazonas). O Jaraqui forma uma única população em toda a Amazônia, no entanto, a diversidade genética do peixe está sendo perdida muito rapidamente devido aos efeitos da sobrepesca, alerta a pesquisadora.

Além disso, a pesquisadora, a solução seria criar um período adequado de pesca para equilibrar os danos causados à espécie.

“Esperamos que antes de tudo, o Jaraqui entre na lista do defeso, pois é a única forma para ter uma pesca de fato sustentável da espécie”, completou a pesquisadora.

Dessa forma, Ingrid Nunes, atua no Laboratório de Evolução e Genética Animal, do Departamento de Genética, no ICB, desde o início de sua graduação em 2013.

Sobretudo, é pesquisadora da FEST, uma Fundação do Espírito Santo, mas que desenvolve suas atividades na Ufam.

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Defeso

Da mesma forma, a publicação destaca que o início do defeso é estabelecido durante o período reprodutivo das espécies e acontece anualmente.

Segundo o Decreto Federal nº 6.514/2008, a multa para quem estiver pescando, transportando, comercializando ou armazenando as espécies ainda sob restrição de pesca durante o período do Defeso, vai de R$ 700 a R$ 100 mil, com acréscimo de R$ 20 por quilograma ou fração do produto da pescaria.

Dessa maneira, a primeira migração é para reprodução no início da cheia. A espécie sai de afluentes pobres em nutrientes (águas pretas e claras) para rios de águas turvas (águas brancas) a jusante.

Isso em cardumes compactos e grandes de adultos e subadultos. Com isso desovar no encontro com o rio principal, onde as águas são turvas e ricas em nutrientes. 

Assim, os ovos e as primeiras larvas são transportados passivamente pelas correntes para viveiros que são ricos em alimentos e fornecem refúgio contra predadores.

*Com informações da Ufam.

Foto: divulgação/Sepror