Pesquisa inédita avalia movimentos sociais e net-ativismo na Amazônia

A coordenação foi do professor Lucas Milhomens Fonsêca, doutor em Educação e professor no curso de Jornalismo da Ufam, em Parintins

Dassuem Nogueira, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 30/12/2024 às 17:32 | Atualizado em: 30/12/2024 às 17:42

A pesquisa intitulada “Movimentos sociais do baixo Amazonas: processos comunicacionais nas lutas e resistências dos atores coletivos de Parintins e região” foi financiada pelo Programa Universal Amazonas, disponível pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam). 

A coordenação foi do professor Lucas Milhomens Fonsêca, doutor em Educação e professor no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Parintins.

Embora tenha sido realizada pela Ufam, campus Parintins, abrange diferentes regiões da Amazônia e mostra o protagonismo da pesquisa fora da capital. 

Assim como a qualidade da universidade pública e a importância do fomento à pesquisa nas unidades do interior do estado.

A pesquisa resultou na publicação de dois livros: “Comunicação, questão indígena e movimentos sociais: reflexões necessárias” e “Amazônia e movimentos sociais: diálogos entre a cidade e a floresta”, lançados pela editora da Ufam (Edua).

A Amazônia humana

As pesquisas ancoradas nesse projeto se debruçam sobre o material humano da Amazônia. 

Milhomens afirma em seus livros que a região é mais importante fronteira internacional das commodities na atualidade. Desse modo, diferentes incursões empresariais e estatais sobre a região geram profundos impactos socioambientais. 

Tais impactos obrigam as comunidades humanas amazônicas a se organizarem, se auto representarem e a reagirem para existir física e culturalmente.

Movimentos sociais pautados pela etnicidade como o de ribeirinhos, indígenas, quilombolas, assim como os que se pautam pela identidade de gênero, como o de mulheres e indígenas LGBTQIAPN+, foram pesquisados no projeto apoiado pelo Governo do Amazonas.

Os livros que apresentam os resultados dessas análises, mostram a vivacidade política das gentes da floresta e colaboram com as discussões sobre a Amazônia a partir de olhares de pesquisadores formados e atuantes na região. 

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Questão indígena e movimentos sociais

O livro “Comunicação, questão indígena e movimentos sociais: reflexões necessárias”, publicado em 2022, corresponde à primeira fase do projeto.

Ele é composto por dez artigos, assinados por 19 autores e pesquisadores. 

O prefácio foi feito por Cicilia Peruzzo, professora colaboradora de programas de pós-graduação em comunicação social das universidades federais da Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo. 

Nesse volume, os artigos mostram como ocorrem mobilizações políticas realizadas por meio redes sociais como wattsapp, instagram e facebook. 

São abordadas mobilizações das comunidades ribeirinhas do baixo rio Amazonas, coletivos indígenas LGBTQIAPN+, movimento indígena de Roraima e alto rio Tapajós e as fake news (notícia falsa) disseminadas no contexto da pandemia de covid-19.

Os artigos dão uma amostra de como as lutas de povos da Amazônia da floresta e das cidades perduram e são ressignificadas diante das possibilidades e potência das tecnologias da informação e da comunicação.  

Uma parte dos artigos faz um apanhado histórico que busca mostrar a transformação do cenário das lutas dos povos amazônicos, no qual o net-ativismo tem se tornado um meio de visibilidade e fortalecimento.

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Amazônia e movimentos sociais

Outro conjunto de pesquisas resultou no livro “Amazônia e movimentos sociais: diálogos entre a cidade e a floresta”, de 2023. 

A coletânea possui a colaboração de 15 autores e pesquisadores que assinam dez artigos, além do prefácio escrito pelo professor Marcelo Seráfico, do departamento de ciências sociais da Ufam/Manaus.

Os temas abordados apresentam um leque de perspectivas sobre movimentos sociais na Amazônia, que abrange coletivos de mulheres ribeirinhas, docentes da Ufam, educação popular, identidade e territorialidade indígena.

Traz também dois artigos que fazem análises sobre a substância que liga os movimentos sociais na Amazônia aos estudos sobre o tema no Brasil, Europa e Estados Unidos. 

O livro é dedicado à memória do professor Luiz Fernando de Souza Santos, do departamento de ciências sociais da Ufam/Manaus, vítima da covid-19 em 2021, durante a realização da pesquisa.

Foto: divulgação