Pedagogia da UEA explica em shopping que matemática não é difícil
O evento foi batizado de “Etnomatemática: culturas vivas e saberes que contam”

Wilson Nogueira, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 31/05/2025 às 11:00 | Atualizado em: 31/05/2025 às 11:01
“Matemática não é bicho de sete cabeças!”. A frase nega o mito que ronda a mente e os corações de muitos alunos que chegam às salas de aulas induzidos a imaginar que a matemática é difícil de ser assimilada e praticada.
Foi com o propósito de desmitificar esse ditado que o curso de pedagogia da Universidade Federal do Amazonas (UEA) realizou atividades interativas com público por meio da resolução de problemas com uso da matemática aplicada.
O evento, batizado de “Etnomatemática: culturas vivas e saberes que contam”, ocorreu no Espaço da Cidadania Ambiental, do Manauara Shopping Center, em Manaus, nesta semana, com participação de professores em formação do sétimo período.
A coordenadora do evento, professora de matemática Selma Oliveira, disse que as atividades estabeleceram um diálogo entre o ensino da sala de aula e a experiência das pessoas com pesos, medidas, cálculos, números e outras necessidades do dia a dia.

Cada grupo social, explicou ela, possui uma matemática diferente da ensinada em sala de aula, sejam para resolver grandes ou pequenos problemas.
Os visitantes da exposição fizeram um passeio de reconhecimento de réplicas e imagens de grandes construções milenares que utilizaram cálculos matemáticos intrigantes.
Também conheceram jogos, tabelas de cálculos manipuladas por culturas não ocidentalizadas e recursos comuns entre profissional sem esclarecimento escolar elevado, como trabalhadores de feiras e mercados, pedreiros de pequenas construções, costureiros e marceneiros.
“Isso mostra que a matemática está além da imaginada disciplina abstrata e difícil. Isso facilita o ensino da matemática, porque os alunos se informam que cada cultura tem o jeito de resolver seus problemas do cotidiano”, disse Selma.
Para a professora, o reconhecimento dos saberes matemáticos comuns dos alunos facilita o ensino da matéria na sala de aula, que deixa de ser o “bicho de sete cabeças”.
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Professores
Marcus Vinícius Silva e Marcos Thiago, monitores na exposição, revelaram que se surpreenderam com a participação do público nas atividades interativas.

“Pela reação dos visitantes, confirmamos a possibilidade de rápida interação e troca de informações entre alunos e professores em sala de aula. Ambos aprendem”, disse Vinícius.
Thiago destacou que os visitantes agregaram muitas informações aos tópicos que a exposição apresentou. Isso se deu porque eles foram convidados a apresentar ideias e práticas de como resolvem ou poderiam resolver, pelo saber que detêm, determinado problema.
“A matemática precisa ser encaixada em sala de aula não como aquele conhecimento supercientífico, mas como matéria pode ser aplicada no dia a dia. Ou que pode ser visto, se reconheça a matemática ali. Como digo, nem sempre é necessário aplicação da equação de Bhaskara para resolver um problema cuja solução já é praticada no dia a dia”.
Os dois confirmaram que os visitantes agregaram saberes à proposta da exposição que os ajudarão reformular e criar práticas do ensino da matemática em sala de aula.
Vinícius e Thiago compuseram um painel com a descrição, por meio de desenho, de como resolvem os problemas matemáticos em suas profissões.
“Teve quem ensinasse sobre como lidam com a matemática nas feiras, nas marcenarias, no trabalho de pedreiro. Um pedreiro, por exemplo, explicou como nivela suas obras com o uso de uma mangueira de nível, um equipamento barato e eficaz”, contou Thiago.
Vista como linguagem que perpassa o cotidiano de todos, os expositores acreditam que os professores abertos aos saberes dos alunos, na matemática ou em outra disciplina, quebraram tabus que dificultam a aprendizagem escolar.
Isso porque, como ficou demonstrado, não é somente a matemática que se apresenta na forma de “bicho de sete cabeças”, mas outras disciplinas também, como português, história, química ou física, em maior ou menor grau.
A proposta dos pedagogos foi demonstrar que essas disciplinas estão entrelaçadas e não separadas: umas se completam com as outras.

E, pela avaliação deles, o objetivo do contato direto com o público diversificado foi conseguido.
Fotos: Wilson Nogueira/especial para o BNC Amazonas