Mandioca açucarada produz bioetanol, revela pesquisa no Amazonas

O estudo foi apoiado por programa da Fapeam.

Mandioca açucarada produz bioetanol, revela pesquisa no Amazonas

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 29/05/2025 às 13:30 | Atualizado em: 29/05/2025 às 13:30

Pesquisa, apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio Pesquisa na Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam) apontou a viabilidade da produção de bioetanol a partir da mandioca açucarada.

Foi o que divulgou neste dia 29 de maio o Governo do Estado.

Amparada pelo Programa de Apoio à Ciência, Tecnologia e Inovação em Áreas Prioritárias para o Amazonas, o estudo intitulado “Mandioca açucarada, uma alternativa para a produção de bioetanol” analisou que a quantidade de amido presente no bagaço, após extração do caldo, permite uma maior liberação de açúcares, o que torna o processo fermentativo mais eficiente e vantajoso para a produção do etanol.

O uso e a produção de biocombustíveis, como o etanol, promovem a autonomia energética, o que é especialmente importante em áreas isoladas, onde o acesso a recursos energéticos pode ser limitado.

Segundo a coordenadora do estudo e doutora em engenharia de recursos naturais da Amazônia, Leiliane do Socorro Souza, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a mandioca foi escolhida devido à motivação do grupo de pesquisa em desenvolver bioprodutos a partir de biomassa vegetal presente no estado.

A produção de biocombustíveis é uma possibilidade interessante para comunidades isoladas. E, como a mandioca é uma espécie que vários produtores têm experiência com cultivo e, mesmo que a mandioca açucarada tenha algumas características diferentes, a mandioca amilácea e açucarada são similares no cultivo, e assim esta foi escolhida para a pesquisa”.

A mandioca açucarada apresenta em sua composição em torno de 85% de água e o restante da composição divide-se em açúcares, proteína, amido e fibras.

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Bioetanol

Sobre a investigação da viabilidade da produção de bioetanol através da hidrólise, Leiliane explicou o processo.

“Foi utilizado o caldo extraído da raiz, que já contém açúcares, e o bagaço restante foi analisado e ao observarmos que o mesmo apresenta mais de 50% de amido, foi aplicado o processo de hidrólise para a quebra desse amido em moléculas menores, os açúcares. Com mais açúcar, favorecemos o processo de fermentação, no qual o etanol é liberado”.

No processo, após prensar as raízes, foram obtidas duas porções, uma fase líquida (caldo) e uma fase sólida (bagaço), que foi levada para análise. Por apresentar um teor significativo de amido, observou-se que o uso das enzimas permitiria aumentar a contração de açúcares.

Durante a pesquisa, no processo de fermentação com a levedura Saccharomyces cerevisiae a concentração de etanol obtida foi de 14,33 g/L em 72 horas de processo, sendo possível obter 0,29 g de etanol/g de biomassa.

Esses resultados, conforme a pesquisadora, podem ser melhorados com ajustes na concentração de açúcares e no tipo de microrganismo.

Outro benefício apontado por Leiliane sobre a utilização dessas fontes alternativas de energia foi a respeito da redução das emissões de gases de efeito estufa.

Os biocombustíveis, que usam fontes renováveis, têm um ciclo de carbono mais equilibrado em comparação com os combustíveis fósseis, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.

Foto: Secom